segunda-feira, 6 de julho de 2009

Roger Federer: the true, and the legend

Rodrigo Brandão

Não é futebol, como deveria ser, de acordo com meu propósito de escrever sobre o tema às segundas e quintas-feiras, mas foi na grama. Ontem, em Wimbledon, o suíço Roger Federer derrotou o norteamericano Andy Roddick e tornou-se o maior vencedor de Grand Slans de todos os tempos.
O confronto que isolou Federer, ele e Sampras tinham 14 títulos, durou quatro horas e 16 minutos, teve cinco sets e 77 games, recorde em uma final de Grand Slan. O placar do set derradeiro, 16/14, também é inédito.
Pete Sampras, agora com um troféu a menos do que o suíço, aplaudiu de pé. Rod Laver, o único a vencer os quatro torneios em um mesmo ano por duas vezes, em 1962 e 69, foi mais comedido. Preferiu dizer que Federer pode ser o melhor de sua era, mas não o melhor da história. E como reagiriam Don Bugde, primeiro tenista a faturar o Grand Slan, em 1938, ou Fred Perry, Roy Emerson e André Agassi, vencedores do “Grand Slan na Carreira”, ou seja, os títulos dos quatro torneios em anos distintos?
Quando comecei a me interessar por tênis, o mundo (e o ranking) era de Ivan Lendl, frustrado por não ter alcançado a glória em Wimbledon, como Sampras não alcançou no saibro de Paris, e, portanto, sem ter fechado o Grand Slan. O mundo (e o ranking) era de Boris Becker, hoje jogador de Texas Hold’em. Era de Stefan Edberg, o estilo mais leve e esteticamente mais encantador que a modalidade já conheceu. Alguns anos depois, chegaram Pete Sampras e Andre Agassi. O primeiro, saque-voleio, preciso, letal, uma máquina; o segundo, com uma carreira de altos e baixos, foi, dentre outras virtudes, a melhor devolução da história.
Não vi Björn Borg, John McEnroe, Jimmy Connors. Não vi, como tantos não viram, Arthur Ashe, Rod Laver e Roy Emerson. Não vi, como tantos e tantos outros não viram, Fred Perry, Bill Tilden, Henri Cochet, René Lacoste, William Larned, Anthony Wilding, Lawrence Doherty, Richard Sears, William Renshaw. Ou seja, somente os títulos, as marcas, os recordes podem ser variáveis de comparação. E o já impressionante Roger Federer, 27 anos, corre, sedento, em busca de novas façanhas para se tornar ainda mais imbatível. Se vencer o US Open em setembro e o Aberto da Austrália em janeiro do ano que vem, Federer atinge o “Grand Slan Consecutivo”.
Há sentido na análise de Rod Laver. Comparações anacrônicas são de fato complicadas. Mas a história é recente, apesar das seguidas evoluções, em especial as tecnológicas. Daqui a 300 anos, não saberemos mais quem foi Federer, Sampas ou Laver. Apenas os números poderão dimensioná-los. Hoje, publiquemos a verdade. O que, convenhamos, significa publicar a lenda. Roger Federer está para o tênis como Tiger Woods está para o golfe. Como Michael Jordan está para o basquete. Como Michael Phelps está para a natação. Como Pelé, enfim, está para o futebol.

rodrigo@revistaboemia.com.br

Um comentário:

  1. E como Michael Schummacher está para a F1.
    Valeu Bilá. Muito bom o texto, pra variar.

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