segunda-feira, 13 de julho de 2009

Festa no chiqueiro!

O final de semana, leia-se 10ª rodada do Brasileirão, foi do Palmeiras. Além de golear o Náutico no sábado e ver sua torcida gritando, ensandecida, o nome do interino Jorginho, que começa a se consolidar no cargo, assistiu aos vexames de seus rivais no dia seguinte. O Corinthians foi atropelado pelo Grêmio no Olímpico. O São Paulo não passou de um empate, no Morumbi, diante do Flamengo – o gol da igualdade, anotado por Jorge Wagner, veio de um pênalti inexistente em Miranda. E o Santos, pobre Santos!, levou seis do Vitória. Com a derrota do Inter-RS na Arena da Baixada, apenas dois pontos separam o Verdão do líder Galo Mineiro, que espancou os reservas do Cruzeiro.

Jorginho, a meu ver, tem dois importantes, e emblemáticos, testes pela frente. O Palmeiras vai ao Rio enfrentar o Flamengo de Adriano na quarta-feira. Um duelo complicadíssimo, e direto: uma vitória dos rubro-negros e eles ficam a um mísero ponto do time do Parque Antarctica. Depois, no sábado, recebe o Santo André. Vencer o Flamengo no Maracanã é demonstração de força. Vencer a equipe do ABC em casa é livrar-se daquele espectro que há tempos ronda a Turiassu: o de perder pontos decisivos em seus domínios, principalmente contra pequenos.
Digam ao povo que fico. Pois eu afirmo, leitores e leitoras, com a convicção de um príncipe, que Jorginho fica se o Palmeiras somar seis pontos. Vejam só como é o futebol. Meia dúzia de pontos e a efetivação do boleiro, eis os ingredientes para tornar real o sonho do título.

Enquanto isso, na Sala da Justiça, eu me pergunto: para onde vai Luxemburgo? O Santos, que não mais confia em Vagner Mancini, poderia ser candidato. Mas já experimentou o veneno dos R$ 700 mil mensais e sabe a gangrena que o volume provoca. O Corinthians vai bem de técnico, obrigado. Será que o São Paulo há de cuspir no prato em que comeu? Não acredito. A ordem pelas bandas do Morumbi é contenção de gastos. O Flamengo é louquinho para fazer besteira, mas Cuca parece estar firme no cargo. Conseguiu o título carioca, apresenta resultados razoáveis no Brasileirão e seu custo é bem mais digerível.

A máscara de Luxemburgo começa a cair. Nos últimos anos, ele se promoveu como o rei dos pontos corridos. Seu currículo é interessante, todos sabemos. Levou o Bragantino de Mauro Silva ao título paulista. Tirou o Palmeiras de Roberto Carlos, César Sampaio, Edílson, Zinho, Edmundo e Evair da fila dos 17 anos (1976-1993). Arrebatou cinco campeonatos brasileiros. No último deles, em 2004, com o Santos de Elano, Ricardinho e Robinho, Luxemburgo, logo após a vitória do Peixe, em São José do Rio Preto, contra o Vasco, afirmou na coletiva que era uma estrela. Assim mesmo, sem cerimônia: “Gente, eu sou uma estrela”.

Pensando pelo lado cósmico, acho agora que ele tinha razão. Dizem os astrônomos que inúmeras das estrelas que vemos hoje já estão mortas. Mas estão tão distantes que a luz ainda nos chega. E se Luxemburgo estivesse acabado para o futebol e o que nos restasse dele fossem somente imagens de títulos longínquos? Não descarto a hipótese. Essa estrela tem um custo alto, muito alto, para quem não emplacou com a Seleção, como o fizeram Parreira e Felipão, ou para quem nunca venceu uma Libertadores, como o fizeram o próprio Felipão, Paulo Autuori e Abel Braga.

Risca o céu uma estrela decadente.


Rodrigo Brandão é editor-chefe da revista Boemia.
rodrigo@revistaboemia.com.br

Um comentário:

  1. Foi falta no Miranda, mas fora da área. Assim como foi falta no Washington dentro da área. Lei da compensação novamente? Você acha certo?

    ResponderExcluir