segunda-feira, 6 de julho de 2009

Cabelo e barba - Rodrigo Brandão

Inter-RS 2 x 2 Corinthians

Corinthians campeão da Copa do Brasil de 2009

Pois eu lhes digo, leitores e leitoras, pois eu lhes afirmo com a força uníssona de um Pacaembu lotado que não há nada mais prazeroso do que estrear uma coluna sobre futebol no dia seguinte ao de um relevante título conquistado pelo time do meu coração. Afinal, há algo que me incomoda no jornalismo esportivo opinativo: quando o colunista esconde, ou tenta disfarçar, a equipe de sua preferência. Juca Kfouri jamais ocultou e, ainda assim, representa, para o campo do jornalismo esportivo investigativo, como nem um outro o fez e o faz tão bem, nosso mais profundo desejo por transparência e justiça no oblíquo reino da bola.
Ao término da partida, sobressaíram minhas convicções. Felipe é um belo goleiro; a defesa corinthiana é firme e está sempre muito bem postada; Cristian e Elias conseguem, de modo simultâneo, proteger a zaga e sair com eficiência para o ataque; Douglas tem medo do jogo; Jorge Henrique é taticamente perfeito; Dentinho pode ser vendido sem maiores problemas para o elenco. E Ronaldo? Bem, Ronaldo é o jogador com a estrela mais luzente da história do futebol mundial. Qualquer avaliação que fuja à sentença vai, necessariamente, cair no poço difuso que contrapõe qualidades técnicas e os longos períodos de contusão.
Portanto, meu nome para a conquista da Copa do Brasil é Mano Menezes. O treinador gaúcho deixou o Grêmio, ao final de 2007, após o vice na Libertadores e a excelente campanha no Brasileirão, para assumir um Corinthians sem norte, amargando uma fatídica Série B. Conduziu a equipe à final da Copa do Brasil no ano passado – e o título, apesar da vantagem, não veio porque o time não estava pronto, maduro –, subiu para a divisão principal do campeonato nacional e venceu, invicto, o Paulistão. Mano deu padrão ao Corinthians, não joga de maneira covarde. Mano é o cara; e a cara desse Corinthians renascido.
Sobre as convicções em relação ao Inter, aqui vão elas. Magrão é muito fraco, sem recurso técnico algum; Nilmar, mais uma vez, mostrou não render quando está sob pressão – William o colocou no bolso; e D’Alessandro é uma mentira.
O Beira-Rio não foi suficiente nem para intimidar o adversário nem para apoiar os colorados. Tornou-se uma imensa várzea da Zona Leste, povoada pelos peladeiros do Corinthians. E o Inter acabou na roda. “Não tá mais comigo!”. Que passeio!
“Aqui tem um bando de loucos” é muito mais eloquente, é muito mais original, é, enfim, muito mais fiel (ops!) à tradição alvinegra do que aquele plágio fajuto de Mamonas Assassinas. A Brasília Amarela pifou. E a combinação entre a raça argentina de Guiñazu e D’Alessandro e a vontade dos pampas foi presa fácil para as garras dos gaviões paulistanos. Falando em aves, calou-se o corvo Edgar de meu colega Xico Sá, secador de carteirinha.
Resumindo: cabelo em São Paulo, barba em Porto Alegre. E mais uma taça no Parque São Jorge.

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