quarta-feira, 15 de julho de 2009

Dá Dá-Gugu

Por Zezé Brandão

A guerra declarada pelo SBT à Record, deflagrada pela contratação de Gugu Liberato pela segunda, tirando-o da primeira, é, desde já, uma guerra sem vencedores além das duas redes, vencidos também serão os espectadores de ambas.
Se não, vejamos. A ida de Gugu para a Record resultou na ida de Roberto Justus e Eliana para o SBT, além do autor de novelas da Record, Tiago Santiago. Ou seja: muito em breve veremos no SBT o que víamos na Record e vice-versa. A Globo deve estar batendo palmas.

Lembram da piada dos dois amigos (de conhecida nacionalidade) que caminhavam tranquilos quando passaram por um montinho de merda? Um disse ao outro: se você comer esse montinho te dou cem reais. O outro respondeu: por cem eu como. E comeu. Mais adiante encontraram outro montinho. O outro disse ao um: agora é a sua vez, se comer esse montinho te dou cenzão. O um não teve dúvida: mandou ver e ganhou os cem reais. Continuaram a caminhada. De repente pararam, se olharam e disseram ao mesmo tempo: e não é que comemos merda de graça?

É mais ou menos isso. Que vantagem leva o público em ver (tem quem veja) o Gugu na

Record ou o Justus no SBT? O que ganhamos em assistir no SBT uma novela parecida,

se não idêntica, à novela que víamos (eu não via, mas tem quem via) na Record?

As duas redes demonstraram nesse episódio da guerra pela mediocridade um poder de fogo bastante poderoso. Ambas têm dinheiro saindo pelo ladrão. Por que, então, não investem em algum projeto original, em talentos ainda não explorados, em idéias, em novos formatos? Audiências suficientemente baixas para enfrentar experiências ainda que venham a fracassar, as duas têm. Dá para entender que a Globo não ouse virar de pernas para o ar sua novela das oito com 42 pontos de audiência ninguém mexeria no time. Mas, francamente, 4 ou 5 pontos da Record ou do SBT poderiam perfeitamente tentar respirar um ar mais fresco. E se não desse certo era só voltar atrás.

Mas não. A mediocridade alimenta a mediocridade, atrai a mediocridade e contrata a mediocridade. SBT e Record aparentemente escolheram a estratégia de manter a mediocridade como projeto de comunicação. Darão bacalhau a seu público e seguirão ambas, abraçadas, em direção à burrice de deixar a Globo nadando de braçada. E o público, ora o público, que veja a Globo. Afinal, ela faz profissionalmente a mesma coisa que as outras duas tentam fazer amadoristicamente e ainda por cima se engalfinhando para ver qual das duas é a mais amadora.


Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidade e co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário