sexta-feira, 31 de julho de 2009

La mano de Dios

por Julia Brandão

O que se dá no encontro de dois egos? Assistindo a Maradona by Kusturica é possível ter boa parte da resposta. O encontro de Don Diego Maradona, el Dios del fútbol, e Emir Kusturica, que apesar de ser um dos grandes do cinema, ainda está longe de receber o título de Deus, é quase um mais do mesmo, mas emociona.

Imagens do bairro pobre onde Maradona nasceu, algumas entrevistas em que o ídolo fala de seus ídolos, Fidel Castro e Che Guevara, pelos quais “daria a vida”. George W. Bush, a quem chama de assassino, a igreja maradoniana que até casamento celebra e que ao invés do
Pai Nosso reza Maradona Nosso e em 90 minutos Kusturica tenta traçar o perfil de Don Diego.

Não esquece o lado “político” de seu personagem e faz muita graça com o gol de mão mais famoso do mundo, contra a Inglaterra na Copa de 86, que Diego classifica como uma “patifaria” que os pobres fizeram aos poderosos do mundo. Tal como as suas vitórias quando jogava no Nápoles, foram derrotas que o pobre Sul infligiu ao rico Norte, uma coisa quase impossível na Itália.

Kusturica também fala de si e traz muitas imagens de sua filmografia,
Você se lembra de Dolly Bell?, Quando Papai saiu em viagem de negócios e Gato Negro, Gato Branco: “Diego Maradona é um personagem de cinema, podia ser um personagem dos meus filmes. É como aquele homem que é o seu pior inimigo, que causa a sua própria perda, em Gato Preto, Gato Branco”, filme em que também há muita cocaína, aquilo que fez Maradona perder consciência.
E é falando da cocaína que o ídolo lembra o grande que é e questiona: “E se não fosse a coca, que jogador eu poderia ter sido?”. Maior ainda? Ele tem a plena certeza que sim, eu diria: solo Dios o quizás, las manos de Dios.


Julia Brandão é produtora de cinema

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