quinta-feira, 23 de julho de 2009

Pra lá de Marrakesh

por: Julia Brandão

Por muito tempo, a única imagem que me vinha à cabeça quando pensava no Marrocos era a do deserto do Saara. E, talvez, de alguns camelos e mulheres de burca. E como me esquecer do Marrocos recriado por Glória Perez, creio que pior do que a Índia tupiniquim que atualmente faz ponte-aérea com Rio de Janeiro.
Mas, confesso, era leiga na cultura do país. Fui viver na Espanha, ou melhor na
Catalunya, em Barcelona. E o Marrocos mora ao lado. Todo espanhol, catalão vai até lá com a mesma normalidade que nós vamos à Argentina. E é impossível não se envolver.

Claro, fui até lá. Em um dado momento, Francesca, uma grande amiga italiana que adorava todo o tipo de coisas alternativas, propôs irmos a um festival de música Gnawa, tradicional do país. Música de escravos vindos de Guiné, de onde também saíram muitos escravos que foram enviados ao Brasil. Talvez por isso em alguns momentos a música Gnawa e o ritmo da capoeira se confundam.

Para chegar ao festival, passaríamos por Marrakesh e ficaríamos alguns dias. A cidade é um escândalo. É linda, é feia, é rica, é pobre, exuberante, decadente, com um sol que o arrebata e com uma noite cheia de mistérios e magia. Vale a viagem do começo ao fim. Mas ali era o início da jornada. O destino mesmo era Essaouira.
Essaouira é a cidade das paisagens do filme
Casablanca, de Michael Curtiz. É onde Orson Welles rodou Othello, em 1952. Onde Jimmy Page e Robert Plant deram um tempo e gravaram com uma banda Gnawa. Jim Morrison e Jimi Hendrix também contribuíram para a fama da cidade de paraíso dos hippies. Em Diabat, uma cidadezinha muito menor que Bueno de Andrada, Hendrix escreveu Castles Made of Sand, justamente quando morava em um castelo de frente para o mar. O castelo ainda está lá, digo, ruínas do castelo.

Para resumir, só estando lá para saber. Por fim, eu estava pra lá de Marrakesh. E é bom demais!


PS: Marrocos concilia perfeitamente três coisas muito importantes para a indústria cinematográfica: paisagens únicas e desconhecidas, segurança e não é caro. Alguns filmes rodados pelo país: O homem que sabia demais, de Alfred Hitchcock, Lawrence da Arábia, de David Lean, Jesus da Nazaré, O Céu que nos Protege, de Bernardo Bertolucci, O Gladiador, de Ridley Scott, A última tentação de Cristo, de Nikos Kazantzakis e Martin Scorsese, Homem Que Queria Ser Rei, de John, Alexandre O Grande, de Oliver Stone, entre muitos outros

Julia Brandão é produtora de cinema

Nenhum comentário:

Postar um comentário