terça-feira, 17 de novembro de 2009

Cuidado com as palavras: elas são muito perigosas.

Por: Zezé Brandão

A Visa Net, essa rede de pagamentos eletrônicos, mudou de nome. Agora se chama Cielo, para lembrar céu, que é para onde se sentem ir os consumidores que compram tudo o que lhes passa diante dos olhos – é só estender o cartão e pronto, a felicidade
está garantida (e o paraíso também).

Enfim, não é disso que pretendo tratar aqui, mas do uso das palavras escolhidas para o posicionamento da nova empresa no mercado. Como publicitário, sei que para se chegar a um conceito que resuma a missão, o relacionamento de uma marca com seu público, consumidor ou institucional, não é trabalho pouco. São idas e idas e vindas e vindas e reuniões agendadas e emergenciais, envolvimento de todos os níveis hierárquicos, do cliente e da agência, discussões bizantinas, noites em claro, pressão de todo tipo, enfim um deus-nos acuda, como se esse posicionamento a ser definido, consagrado, tornado pétreo, fosse mudar o mundo. Mas, ufa, um dia aquela meia dúzia de palavrinhas, mais uns conectivos, é aprovada lá em cima, na cúpula, onde ficam os deuses que mandam prender e mandam soltar. Rojões, champagne, talvez até uma promoção para o redatorzinho tímido que ordenou uns termos e transformou-os no posicionamento que explica, quase desenha, para o mercado o papel da nova empresa.

E eis que a Cielo chega e avisa com todas as letras: NOSSO FOCO É DAR MAIS VOLUME AO SEU NEGÓCIO.

E eu, ingênuo, que pensava que esse era justamente o posicionamento do Viagra, outro produto que também leva ao céu.

Mas, enfim, negócio volumoso, posicionamento, essas coisas são tudo farinha do mesmo saco (ops!) e eu não tenho, afinal, nada com isso – cada um põe seu foco no volume que achar mais conveniente. Mas que cada vez que eu for passar meu cartão eu vou pensar em outra coisa, ah, isso eu vou – e acho que não só eu, se aceitamos o princípio de que todo mundo só pensa naquilo.

Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidadee co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.


quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Como anda a saúde da mídia impressa?

É no mínimo estranho fazer essa pergunta no blog de uma revista, mas receber um “update” as cinco da tarde da Revista Veja sobre o apagão de ontem, coloca essa questão na minha cabeça.

Acho que há mídia impressa e mídia impressa (redundância?). Explico: A Revista Boemia não tem a pretensão de trazer no papel o imediato, a notícia. O nosso ideal é suscitar a discussão, alimentar a conversa, contar historias (as que ontem eu declarei moribundas - alguém precisa mantê-las respirando, oras). Revista Boemia é roda de bar.

Nos anos noventa, uma campanha publicitária dizia: “Tá sem assunto? É melhor você começar a ler o Estadão.” Hoje, você continua sem assunto no fim do dia se tiver lido o jornal (seja ele qual for) entregue de manhã e fechado às 23h30 da noite anterior.

E o caminhão que tombou na marginal ao meio dia e parou São Paulo por quatro horas? E o avião que caiu no Cazaquistão as três da tarde? E o súbito acordo de paz entre Ugandenses do norte e Etíopes centrais?

Exagero? Talvez um pouco. Alarmismo? Talvez outro tanto. Mas o gráfico abaixo fala por si só.



PS: O Wall Street Journal tem um sistema em que detreminadas matérias são grátis, outras não. E você pode acessar o conteúdo total por duas semanas antes de decidir pagar ou voltar apenas ao conteúdo aberto. “Try before buy”. De novo, o gráfico fala por si só.

PS do PS: O gráfico é cortesia do Update or Die


Juliano Brandão é publicitário, interneteiro, twitteiro, palpiteiro, dublê de jornalista da Revista Boemia, blogueiro pra manter a rima e acha que a internet vai dominar o mundo, Pinky.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Geração sem historia

Hoje eu li um artigo que me chamou a atenção (via Run, Motherfucker, Run): diz que o mundo é feito de historias, lendas, contos, tradições. O artigo continua, dizendo que a internet apresenta os fatos soltos e espalhados para a gente, mas que não conta nem mantém as historias. Não passa adiante as tradições. Não guarda registros. E que esse quebra-cabeça de informações (olha um vídeo no YouTube, procura uma informação sobre ele na Wikipedia e twitta sobre o fato fechando a janela anterior antes de ver o filme até o fim) tem nos tornado cada vez mais desatentos e menos focados (olha eu escrevendo sobre o mesmo tema).

Diz um estudo que quando a gente recebe um e-mail enquanto trabalha, leva 24 minutos para voltar ao estado de atenção anterior (eu não sei quem faz esses estudos, nem como é que eles medem essas coisas - ondas alfa do cérebro? Piscar dos olhos? Enfim, eles medem).

O ponto chave é que o cerne da humanidade é feito de historias (sabemos de tudo aquilo que se tem registro, o resto é especulação), e que estamos nos tornando uma geração sem historia, imediata, mas sem futuro.

Achei genialmente assustador.

Que historias você pretende contar em 140 letras?


Juliano Brandão já foi engenheiro de áudio, é publicitário, interneteiro e twitteiro de primeira e nunca lembra qual foi a última legenda que usou para o seu nome.

Você estudaria marketing ou relações públicas na UNIBAN?

Por: Zezé Brandão

Imagine a situação: você apresenta seu curriculum de candidato a uma bela vaga numa boa empresa e lá está escrito com todas as letras: formação em Marketing pela Uniban. Ou, quem sabe em Relações Públicas.

O que a Uniban acaba de fazer com todos os jovens que se formam lá foi manchar seus currículos para sempre.

O episódio Geysi Arruda, a moça do mini-vestido cor de rosa, transformou uma universidade que já não tinha a melhor avaliação do mundo numa instituição no mínimo suspeita. Suspeita de não educar, suspeita de não ter a ética entre seus valores mais importantes, suspeita de formar jovens fascistas, preconceituosos, despreparados para conviver em sociedade e para representar o futuro do país.

Readmitir a moça, depois de tê-la expulsado através de um comunicado público nos jornais culpando-a do estupro moral de que foi vítima, não isenta, não desculpa, não perdoa a Uniban da selvageria a que Geysi foi submetida sob o olhar, se não complascente, descuidado e desatento da universidade para com suas responsabilidades de instituição superior de ensino. O mal está feito. A semente da violência está plantada lá dentro, aparentemente em terra fértil, já que tanto o Conselho como a Reitoria da Uniban assinaram o comunicado em que apontam a vítima como ré e, nas entrelinhas, aceitam que uma mulher de vestido curto, curvas provocantes, saltos altíssimos e que ande desfilando por rampas e corredores de uma escola seja merecedora de ataque à sua moral e, por que não?, de estupro coletivo. Colocar a culpa na moça, de todas as saídas possíveis para a crise que a Uniban viveu e continuará vivendo, esta foi a pior de todas – a mais grave, a mais vergonhosa, a mais infame.

Suspender a expulsão de Geysi só reforça a gravidade do episódio. Porque agora não sabemos mais se a Uniban se arrependeu da própria atitude, se aprendeu alguma coisa sobre comportamento, ética e cidadania, ou se simplesmente cedeu à pressão, inclusive do mercado (seria ruim para os negócios uma imagem tão arranhada), e voltou atrás só para jogar um cálice de água no incêndio. Com os termos da expulsão, a Uniban exibia sua pior face. Com a readmissão, pode ser que tenha optado pela máscara.

Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidadee co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.


sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Se não passou pelo YouTube não aconteceu

Por: Zezé Brandão

Há tempos se diz que a vida imita a arte e vice versa. Hoje, de certa forma, a própria vida se transforma em arte no momento em que ela invade o you tube, é consumida e midificada (vai para a mídia).

Foi assim no episódio recente em que uma garota de vestido curtíssimo – iria direto para a balada depois – e sapatos altíssimos tentou assistir suas aulas do curso de turismo da Uniban antes de cair na night. Foi impossível cumprir seu dever de aluna. Acuada aos gritos de “puuuuta-puuuuta-puuuuta”, com a multidão (no caso, turba) de rapazes e moças à sua volta, teve de ser escondida e trancada em uma sala porque dos gritos de “puuuuta” passaram às ameaças de agressão física e ao extremo do estupro.

Psicólogos, psiquiatras, cronistas e até policiais passaram os últimos dias explicando ou tentando entender o que teria levado jovens “modernos”, pois universitários, antenados, posto que frequentadores de cursos “da hora” – nada da caretice de engenheiros ou economistas --, a agirem de maneira tão selvagem, tão censora, tão moralista como se fossem um bando de inquisidores prontos a levarem à fogueira uma mulher que pura e simplesmente mexeu com suas libidos reprimidas.

Não sei se as explicações, observações ou críticas serviram para alguma coisa. Não sei, e temo que não, se a moçada tirou alguma lição do episódio ou se pelo menos sentiu a vergonha que deveria acompanhar todo o grupo (uns 700, mais ou menos) pelo resto da vida por ter protagonizado algo tão repulsivo. Jovens capazes de tal barbárie me preocupam porque são o futuro do país. E me chocam porque a reincidência é alta demais nos desvios de coduta.

Mas de tudo, o que mais me chamou a atenção nessa história é que ela só chegou à mídia e à opinião pública depois de circular por quase uma semana pelo You Tube. Ou seja: uma menina é encurralada e moralmente estuprada pelo simples crime de usar um vestido curto demais num ambiente onde meninas usam saias e blusas curtas demais com toda a naturalidade (a protagonista deste caso deve ter usado também a maquiagem, o salto, o perfume que despertaram a ira das moças e o instinto animal dos moços) e o fato só chega a público porque celulares registraram as cenas atrozes e jogaram as imagens na internet . Quer dizer, sem o You Tube nunca teríamos ficado sabendo que dentro de uma universidade, na cidade mais rica, mais informada e locomotiva do país, está sendo chocado o ovo da serpente – consta que alguns funcionários participaram e deram força à “farra da moça de vestido rosa-choque”.

Bendita internet que às vezes serve para nos abrir os olhos. Mas perigosos tempos em que a vida real só vale, só é crível, só cobra providências, se for confirmada – porque aí, sim, acreditamos – pela realidade virtual.

Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidadee co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

And the Oscar goes to...

Por: Zezé Brandão

Futuro candidato aos prêmios Jabuti, Kikito e reforma da Casa Branca pelo Luciano Huck, Barack Obama abriu sua temporada de caça aos prêmios internacionais logo com o mais prestigioso de todos, o Nobel. E, rsrsrs, foi ganhando justamente o da Paz.

Não exatamente patrocinador, mas animador de duas guerras, a do Afeganistão e a do Iraque, Obama parecia meio constrangido quando veio a púlpito e a público agradecer o laurel. Provavelmente estava mais surpreso do que nós.

O mundo, diante do poderio dos Estados Unidos, apressou-se em justificar que o prêmio vinha mais como uma sugestão de comprometimento do presidente americano com a paz do que propriamente como um reconhecimento pelo seu esforço – dada a ausência de resultados de sua gestão na área, tal seria se esse Nobel tivesse a intenção de reconhecer alguma coisa.

Mas o Nobel, criado justamente por um cara que contribuiu como ninguém para a destruição, embora imensamente prestigiado pelo seu poder midiático e também pela generosidade da grana que oferece (não, Obama não mandou Michelle às compras com a dinheirama nem comprou armas para aumentar o poder de fogo dos Estados Unidos no Iraque – doou a instituições de caridade), é um prêmio político na sua essência e frequentemente injusto, exceto para os que o ganham.

A Real Academia Sueca costuma puxar o saco de presidentes americanos – três já venceram e um vice que quase chegou lá, mas foi roubado por Bush, também. Premiar Obama por suas possíveis intenções é só mais um devaneio do prêmio – originado no rastro da dinamite, o Nobel talvez queira ser apenas o que acaba sendo: um prêmio realmente explosivo – na explosão da venda de livros dos desconhecidos que ganham na Literatura, na explosão do prestígio e no valor dos patrocínios dos que ganham em Medicina, Economia, Química e Física – os cachês de palestrantes nobeliados sobem à estratosfera. E mais explosivo ainda para os ganhadores da paz que, salvo as exceções de praxe, continuam explodindo tudo que eles acreditam que deva ser explodido.

Barack Obama tem alguns anos para demonstrar que seu Nobel foi justo. Se não o fizer, tem sempre a chance de ganhar o Oscar de melhor cara de pau – por não ter tido a humildade de delicadamente recusá-lo se não tinha a plena convicção, o apoio e os meios para promover aquilo pelo qual foi premiado: a paz num mundo em que os Estados Unidos, ao longo dos anos, têm contribuído fartamente para conturbar.


Pensando melhor, quem sabe esses países nórdicos, com seu raciocínio polido e cheio de mesuras, resolveram dar o Nobel ao presidente Obama como consolação por ele ter perdido de Lula, em Copenhague, a sede das Olimpíadas.

Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidadee co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A fábula dos ácaros - via estalo.org

Gostei tanto do texto abaixo que resolvi trazer prá cá. Óbvio que segue a fonte: www.estalo.org
Juliano Brandão

A fábula dos ácaros

por Mastropietro Luiz

Ácaros. Todo mundo já ouviu falar neles - mesmo sem nunca tê-los visto.
No meu caso foi em meados dos anos 90, quando uma enorme campanha de publicidade surgiu com o objetivo do extermínio em massa dos ácaros.
Até então, ninguém imaginava que em meio ao carpete, toalhas ou qualquer superfície haveriam nocivos monstrinhos invisíveis que faziam mau a saúde.
Eles estavam em todos os lugares: no colchão, no sofá da sala de visitas, no ar.
E eles eram do mau: causavam danos respiratórios e perigosas doenças.
E assim surgiu uma das mais geniais estratégias de negócios das quais eu mesmo fui uma cobaia: as campanhas anti ácaros dos anos 90 promovidas pelos fabricantes de purificadores de ar.Uma história contada por meio do medo invisível – uma necessidade criada em torno de uma suposta lenda cientifica devidamente endossada por médicos e especialistas.
ImageShack
Quem duvidava? Eles estavam lá… só que ninguém podia ver.
A comunicação dava ares de pandemia aos pobres ácaros, fazendo as vendas dos purificadores de ar explodirem. E até hoje, muita empresas de outros segmentos ainda se aproveitam desse alarde causado muitos anos atrás, criando produtos com benefícios que abordam os ácaros como tema central, como é o caso da indústria de colchões, por exemplo.
Mas a onda passou - os vendedores dos purificadores ficaram milionários - mas hoje pouco se fala em purificadores de ácaros. Seria essa uma prova da máxima de que“nada mata mais rapido um produto ruim (ou inútil) do que boa propaganda”? Sucesso ou fracasso, a fábula dos ácaros é uma boa lição sobre como tornar o invisível relevante. O nada em tudo – o ácaro em dinheiro.


segunda-feira, 5 de outubro de 2009

E que o Rio de Janeiro continue sendo...

Por: Zezé Brandão

Cartas de leitores na Folha de São Paulo se mordem de ódio. Como continuar alimentando o complexo de vira-latas que cultivam como flores de estufa depois do triunfo do Rio de Janeiro em Copenhague? Como manter o velho orgulho de pertencer e ajudar a construir com sua mediocridade o país de segunda classe que amam diminuir, humilhar e ridicularizar? Em nome de argumentos patéticos – com o dinheiro das Olimpíadas deveríamos construir hospitais, estradas, escolas, etc. – no fundo apenas demonstram a amargura de uma vitória brasileira com a qual não contavam e contra a qual torceram como no avesso de uma Copa do Mundo.
Se esses argumentos valessem, aqui, na China ou em Londres, por que fazer uma festa -- de aniversário, religiosa, carnaval ou casamento – se tanta gente passa fome, tem necessidades mínimas ou morre nas filas da saúde pública? Por que comemorar seja lá o que for, ser feliz ainda que momentaneamente, se há dor e miséria, choro e ranger de dentes, distribuidos aleatoriamente por toda a humanidade.
O Rio de Janeiro deveria ser um exemplo para o Brasil. Um exemplo para os espíritos estreitos e azedos – aqueles que batem com o cabo da vassoura em seu próprio teto contra o chão do apartamento de cima que se diverte com a música alta, o riso e a festa.
Quando a capital da República foi transferida para Brasília, há 50 anos, o Rio começou a ser estrangulado, humilhado, desprezado, submetido a um destino que não era o seu, de decadência, pobreza, violência e abandono. No entanto, manteve o sorriso, os braços abertos, a alegria de uma cidade iluminada, maravilhosa, que nasceu para festejar, brincar, viver. Como se os cariocas acreditassem que um dia o destino mais sonhado pelos turistas nos anos 50 resurgisse como uma manhã de sol – talvez o fato de, de fato, acreditarem, tenha levado os votantes daquela tarde em Copenhague a recusar, por imensa maioria, Chicago, Madri e Tóquio em favor do Rio.
A escolha do Rio de Janeiro, independente do carisma de Lula, das promessas sutis pela presença do presidente do Banco Central, da delicadeza do filme de Fernando Meirelles, do empenho do mago Paulo Coelho e do eterno encanto que Pelé exerce nos corações internacionais, vem como uma espécie de recado a todos os brasileiros: o gigante acordou. Espreguiçando-se alegremente à beira do berço esplêndido, depois de um sono de 500 anos, o Brasil prepara-se para ser o país a que se sempre esteve “condenado” – o país do futuro, já que, contra todos os pessimistas, os derrotistas, os que remam ao contrário, os que torcem pelo pior, os que erguem a bandeira da vira-latice, o futuro chegou. Iluminado, entre outros holofotes, pelo sol do Rio de Janeiro.

Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidade e co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Será que a cidade entra nos trilhos?

Por: Zezé Brandão
Sapo de fora não chia. Ou chia? Que me importa, vou chiar – e não quero ter razão, quero apenas ser feliz, ainda que só dizendo o que penso.
Não sei quase nada a respeito da tal retirada dos trilhos da EFA. Não sei se a cidade está mobilizada ou se mobilizando. Não sei se as autoridades municipais estão tratando disso com seriedade ou à la legére. O que eu sei é que talvez nada tão importante tenha acontecido ou esteja para acontecer em Araraquara nos últimos 100 anos. Pode até parecer bobagem que a simples retirada de uns dormentes e alguns quilômetros de ferro possam significar alguma coisa para a cidade. No entanto do que se trata é de uma interferência urbana que poucas cidades experimentarão.
Alguns encaram a presença dos trilhos ali como uma espécie de divisão da cidade em duas. Outras não têm essa impressão. Eu, pessoalmente, nunca pensei no assunto. Mas o que sei é que a retirada significa a agregação de uma área urbana, em pleno centro, simplesmente espantosa. A área é imensa, com total acessibilidade da população a partir de qualquer ponto da cidade. Portanto, o destino que se pode dar a essa área diz respeito a moradores, visitantes, autoridades, sapos de fora e todas as próximas gerações de araraquarenses. Daí a responsabilidade que o assunto mais do que merece, exige, pede, clama.
Na minha ingenuidade de cidadão que deixou a cidade há quase 40 anos, mas jamais cessou de desejar para ela só o melhor, eu sonharia com um concurso internacional entre urbanistas/arquitetos/paisagistas. Que viessem projetos com o frescor de experiências utópicas. Que surgissem propostas práticas estético-culturais nas quais nunca tivéssemos pensado. Que aparecessem idéias exóticas, delirantes, improváveis, inexequíveis. Que nos abrissem a cabeça com soluções que jamais imaginamos.
Não acho que não existam em Araraquara talentos capazes de pensar essa área com imaginação, bom senso e bom gosto. Mas acredito que só uma troca com pessoas que recriaram Barcelona, que ousaram em Buenos Aires, Bilbao, Nova Iorque, Paris e Cingapura, teria a dimensão de dar à area dos trilhos um pensamento urbanístico voltado para o futuro da cidade. Qualquer escritório internacional teria interesse em participar dessa discussão estimulante e rara. E isso contribuiria imensamente para tirar o foco provinciado que a questão corre o risco de se tornar, dando a ela o enfoque merecido e justo de um acontecimento que pode dar ao perfil de Araraquara um contorno contemporâneo e, sobretudo, voltado para o amanhã.

Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidade e co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Barrichelo, a (baixa) auto-estima do Brasil

Por: Zezé Brandão


Quanto ele vence, vezes que parecem sempre raras, discretamente comemoramos. Nas vezes em que perde, quebra, abandona, é atropelado, não larga ou chega em segundo, e que sempre parece ser todas as vezes, temos a ironia na ponta da língua, a piada pronta, o apelido gozador. Até a mola que atingiu o Massa, veio de onde?

Rubens Barrichelo é a cara do Brasil. Esforçado, cordial, moço de família, imposto goela abaixo a nós todos para substituir o herói, a lenda, o Senna. Não sabendo que era impossível, ele foi lá... e não fez.

A cada vitória temos a impressão de que nos olha com cara de que vocês vão ter que me engolir. E a gente engole. Mas não digere. No fundo, ou nem tão no fundo assim, gostaríamos que ele não tivesse ganho nunca, assim ele não estaria mais na Fórmula 1 e nós não teríamos mais a obrigação, nem secreta, de que ele representasse o país nos pódios do mundo ao som do hino nacional.

Sinto informá-los que o Rubens Barrichelo é o nosso mais lustrado, mais limpinho, mais transparente espelho. O espelho do Brasil.

Por onde olharmos vamos ver sempre, através dele, a imagem da nossa baixíssima auto-estima. Um país que adora rir de si mesmo, olhar para o copo e vê-lo meio vazio, ler as estatísticas e interpretá-las pelo viés do fracasso, da incompetência, do irremediável.

Se o PIB cresce 1,9% no trimestre, vamos compará-lo a algum crescimento do Canadá ou da Malásia, para mostrar que fizemos pouco. Se a produção industrial atinge um certo patamar, vamos buscar algum índice coreano para provar que o Brasil está no caminho errado. Se um filme nacional bate redordes de bilheteria é porque tem elenco da Globo. Se o Obama chama nosso presidente de o cara vamos procurar explicações técnicas na tradução do inglês para demonstrar que não foi exatamente isso o que ele quis dizer. Se conquistamos X medalhas de ouro nas Olimpíadas, lançamos logo mão de estatísticas para concluir por A+B que na relação população-extensão territorial-ouro conquistado, ganhamos menos que o Haiti. E por aí vai num rosário de derrotas como se nosso destino fosse estar sempre por baixo, naquele lugar de onde nunca deveríamos sequer ter tentado sair.

O Barrichelo nos espelha porque ele parece aceitar a derrota, o segundo lugar, a largada queimada, como uma sina que lhe cabe carregar. E a cada pódio que ele sobe, a cada champagne que ele estoura, seu olhar sempre triste nos pede desculpas por, assim, sem querer, sem merecer, sem estar escrito nas estrelas, ter vencido. E nós, do alto da nossa baixa auto-estima, explicamos logo que o Button não estava em seu melhor dia, que a sorte pela chuva ou pela seca ou pelo vento favoreveu o Rubinho, que foi mandinga do Galvão Bueno. Enfim, ok, ele venceu, mas... E a cara de que vocês vão ter que me engolir é só um disfarce, uma pequena vingança de quem, filho, neto e bisneto dessa auto-estima em frangalhos, por um instante pensa ter superado cinco séculos de complexo de vira-lata. Mas é só até o próximo Grande Prêmio quando, unidos, torceremos contra ou procuraremos outra explicação para a inexplicável Deus, que, dizem, é brasileiro, queira que não haja vitória.


Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidade e co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

A Lei é seca, mas a Lei, ora a Lei...

Por: Zezé Brandão


Somos, definitivamente, o país do exagero. Exageradamente afetivos, exageradamente técnicos de futebol, exageradamente corruptos, exageradamente sem auto-estima. E de uns tempos para cá, exageradamente aferrados a leis tão severas, tão punitivas, tão completamente legais que nem podem ser cumpridas.

Dados recentes revelam que mais de 80% das pessoas pegas nos arrastões armados pela chamada Lei Seca – essa mesma que proíbe tomar dois copos de chopp e sair dirigindo – saem impunes da acusação de dirigirem embriagadas. Como? Por que?

Simples: a lei antiga dizia – ok, subjetivamente – que dirigir em estado de embriaguez tornava o indivíduo passível de sanções penais (até mesmo condenação por homicídio culposo, se não, doloso). E embora “estado de embriaguez” tenha lá sua dose (várias doses, no caso) de subjetividade, os próprios policiais ou outras testemunhas podiam confirmar o tal estado do infeliz que provocou o acidente.

Já com a nova lei, estabeleceu-se a quantidade de bebida que provoca a irresponsabilidade do motorista: os dois chopps, a dose de uísque, as duas cervejas, as inocentes duas tacinhas de vinho, e por aí. Só que como ninguém é obrigado a se submeter ao bafômetro nem ao exame de sangue, pois ninguém pode ser obrigado a produzir provas contra si mesmo, quem prova que eu bebi só um uiscão calibrado ou a garrafa toda? Não importa a língua enrolada, o trançar de pernas ou a baba grossa na gravata. Nem mesmo uma vomitada sem querer na cara do guarda pode ser usada como prova de que você passou da conta e, portanto, violou a lei – basta ter-se recusado a passar pelo bafômetro e encolher o braço gritando na delegacia que morre de medo de sangue, e que ninguém vai tirar uma gotinha do seu. Pronto, você sai livre como um passarinho. E trançando as pernas vai dormir em casa o sono dos justos, como se não tivesse atropelado e matado meia dúzia de passageiros que esperavam o ônibus às quatro e meia da manhã.

É a Lei Seca. Seca de bom senso, seca de sabedoria, seca de aplicabilidade. No resumo da ópera, com a nova lei não podemos beber mais do que um copinho ou dois, mas fora a improvável hipótese de você estar bebendo ao lado do guarda que vai autuá-lo, quem vai provar a quantidade exata que nêgo consumiu, a não ser o bafômetro ou o exame de sangue que ninguém é obrigado a fazer?

Enfim, no nosso exagero conseguimos ter a lei anti-álcool no trânsito mais severa do mundo. E também pelo nosso exagero conseguimos que ela não possa ser cumprida – graças a seu exagerado rigor.


Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidade e co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.


quarta-feira, 19 de agosto de 2009

MARINA VOCÊ FAÇA TUDO MAS FAÇA O FAVOR.

Por Zezé Brandão


Marina Silva sai do PT, adentra o PV, vira candidata e joga folhas de seringueira no ventilador do Lula, da Dilma e de quem mais estiver no caminho.

Marina Silva dificilmente será a próxima presidente do Brasil. Isso exigiria alianças as mais escusas possíveis, leilões de cargos, promessas, concessões que Marina jamais faria.

Não tem a menor importância a elegibilidade dela ou não. A importância da candidatura Marina será, se for, um fato que vai obrigar os concorrentes, Dilma, Serra e quetais, a encarar com seriedade a questão do meio ambiente ainda que esse encaramento ( no caso, talvez, descaramento) não passe de promessas que ninguém cumprirá exceto Marina que, no mínimo, tentará.

Quem ouve uma vez um discurso de Marina jamais esquece. Algo profeta, algo messiânica, sem inflamação, sem a fúria endemoniada de um Collor, ela atira as palavras como flechas certeiras. Ela fala das gerações que estão por vir enchendo os corações da platéia de uma culpa saudável porque cria a urgência da ação, a responsabilidade pelo futuro, a necessidade da atitude, aqui, agora, sem desculpas, sem tempo a perder.

Com emoção, delicadeza e profunda poesia, Maria fala de rios que correm dentro de nós, de veios e subsolos, de sustentabilidade, de florestas, de pássaros, de oceanos e filhotes que não terão mães para amamentá-los, extinguindo-se à míngua à beira de usinas apressadas que nem se sabe se servirão para alguma coisa.

Não, Marina Silva ao menos essa é a minha impressão pessoal não é uma fanática que deseja que voltemos todos à condição de índios; ela não prega o fim do progresso nem o fim da produção de energia elétrica ou novas estradas. Ela prega, com sua voz pequena, a extrema magreza de quem viu a fome de perto, que homem e natureza convivam com respeito e que todos nós reflitamos e repensemos o país como se houvesse amanhã.

Nem o Brasil nem o mundo estão preparados para ouvir essa voz solitária. Mas, se de fato ela for candidata à presidência da Republica, seremos obrigados a ouvir um discurso a que não estamos acostumados. O discurso da vida, da preservação, do futuro. E da viabilidade do planeta diante das evidências do fim. Aos outros candidatos caberá encaixar, ainda que artificialmente, palavras mais doces em seus comícios furiosos, porque espadas ferem, mas são impotentes diante da poesia.


Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidade e co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.



sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Fumar era um prazer que fazia sonhar

por Zezé Brandão


Cantava Dalva de Oliveira: fumando espero aquele a quem mais quero... antes de adormecer...é o fumar um prazer...

Desde ontem, um prazer proibido em todo o Estado de São Paulo, salvo na clandestinidade do próprio lar e do próprio carro.

Aliás, a propósito do carro, gostaria de propor ao governador José Serra uma lei semelhante à do cigarro. Carros matam. E, pelos dados disponíveis, matam um número absurdo de pedestres, de gente que não dirige. Mais ou menos como o meu cigarro mata os não-fumantes inocentes que passam perto de mim ou sentam (sentavam) na mesa ao lado da minha. Por que não proibir carros de circularem pelas ruas?

Como contribuição à lei anti-carro, sugiro ao governador que eles (os automóveis) só poderiam circular dentro das garagens das casas, nos estacionamentos de shoppings e em autódromos. Pouparíamos assim milhares de vidas, tanto de pedestres que nunca vão dirigir um carro na vida, como de motoristas, embriagados ou não, que vivem enterrando o chifre nos postes.

Da mesma maneira como é tratada a indústria do cigarro seria tratada a indústria automobilística. Ou seja: pode produzir, comercializar, recolher os impostos abusivos previstos em lei. Mas o comprador do veículo não pode usá-lo nas ruas, só em casa se você não tem um bom quintal o problema é seu.

Convenhamos, governador, que o carro além de matar no curtíssimo prazo tipo bateu, matou mata também no longo, com seus escapamentos que poluem com o veneno do monóxido de carbono e vai matando aos pouquinhos, de mansinho, da mesma maneira insidiosa como age o tabaco.

Quanto custa para o Estado o socorro, a internação e a eventual recuperação ou morte de acidentados no trânsito ou nas estradas? Menos ou mais do que as vítimas do cigarro, fumantes ou não-fumantes?

Imagine por um momento, governador Serra, se a Gilda não fumasse, se a Lauren Bacall não tivesse soltado toda aquela fumaça inebriante em nossas caras boquiabertas. Em que mundo teríamos vivido? Talvez num mundo cheio de saúde e vazio de sonhos. Se não fossem os vícios não existiriam as virtudes; não conheceríamos a luz se não houvesse a sombra. E só para lembrar, governador, caretice também mata mata qualquer chance de transgressão, de busca do prazer, de experimentação de novas sensações. Como o cigarro, a caretice mata lentamente, mas letalmente como um punhal de prata.


Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidade e co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

sexta-feira, 31 de julho de 2009

Sobre putas e lipos.

por Zezé Brandão


Em seu artigo semanal na Folha de São Paulo, o psicanalista Contardo Caligaris questionou o interesse de parte da imprensa italiana pela vida sexual do premier Silvio Berlusconi. O argumento dele, que detesta o Berlusconi, é que se as putas do homem não interferem na governabilidade do país, ninguém tem nada a ver com o que ele faz, ou não faz, entre quatro paredes.

Está aí embutido um questionamento que provavelmente surgiu junto com o Guttemberg: até onde a imprensa tem o direito de ir em se tratando de investigar a vida de pessoas públicas. E pior: até onde tem o direito de divulgar os fatos que descobre, às vezes por meios escusos, quando esses fatos não dizem respeito, não prejudicam ou nada significam em relação à atividade que tornou a pessoa relevante para uma determinada comunidade – seja uma sociedade, um condomínio, um país ou um clube?

É o caso da lipoaspiração do Ronaldo. Que ele se submeteu ao procedimento, parece ser um fato – vindo à tona sabe-se lá por que rede de indiscrições. Mas o que isso tem a ver com a performance do jogador, com sua capacidade, ou não, de fazer gols? O que a torcida do Corinthians e os leitores do Estadão e a favela da Rocinha e os moradores do Oiapoque (lá tem moradores?) têm a ver com isso?

Explicar a cirurgia da mão, contar os pinos, apresentar o cronograma da recuperação, sim, é obrigação da imprensa: a fratura se deu em campo, a consequência era o afastamento do cara de algumas partidas do Curingão. Portanto, o assunto, relevante para a torcida, para os fãs de Ronaldo, para o clube, merecia, como mereceu, ser detalhado, esmiuçado, publicado com todas as letras.

Mas a lipoaspiração? Francamente! Se ele não chamou a imprensa para uma coletiva, se ele não convocou as colunas de fofocas, se ele preferiu a discrição, que direito temos de questionar uma cirurgia estética hoje tão corriqueira e, pior, transformar um direito, uma escolha pessoal, em motivo de chacota?

Quando a Suzana Vieira, em pessoa, apresenta seu namorado de vinte e poucos anos à imprensa e diz que pretende ter um filho com ele, OK. Embora seja um fato irrelevante para a carreira ou para a performance dela como atriz, a simples decisão de querer que todos nós saibamos que ela namora um garotão é, em si, a notícia. Mas o Fenômeno se submeter a uma lipo em segredo não é notícia. É fofoca, velhacaria e pura e simples invasão de privacidade. Esse tipo de jornalismo antigamente era designado por uma cor: a cor marrom.


Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidade e co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

La mano de Dios

por Julia Brandão

O que se dá no encontro de dois egos? Assistindo a Maradona by Kusturica é possível ter boa parte da resposta. O encontro de Don Diego Maradona, el Dios del fútbol, e Emir Kusturica, que apesar de ser um dos grandes do cinema, ainda está longe de receber o título de Deus, é quase um mais do mesmo, mas emociona.

Imagens do bairro pobre onde Maradona nasceu, algumas entrevistas em que o ídolo fala de seus ídolos, Fidel Castro e Che Guevara, pelos quais “daria a vida”. George W. Bush, a quem chama de assassino, a igreja maradoniana que até casamento celebra e que ao invés do
Pai Nosso reza Maradona Nosso e em 90 minutos Kusturica tenta traçar o perfil de Don Diego.

Não esquece o lado “político” de seu personagem e faz muita graça com o gol de mão mais famoso do mundo, contra a Inglaterra na Copa de 86, que Diego classifica como uma “patifaria” que os pobres fizeram aos poderosos do mundo. Tal como as suas vitórias quando jogava no Nápoles, foram derrotas que o pobre Sul infligiu ao rico Norte, uma coisa quase impossível na Itália.

Kusturica também fala de si e traz muitas imagens de sua filmografia,
Você se lembra de Dolly Bell?, Quando Papai saiu em viagem de negócios e Gato Negro, Gato Branco: “Diego Maradona é um personagem de cinema, podia ser um personagem dos meus filmes. É como aquele homem que é o seu pior inimigo, que causa a sua própria perda, em Gato Preto, Gato Branco”, filme em que também há muita cocaína, aquilo que fez Maradona perder consciência.
E é falando da cocaína que o ídolo lembra o grande que é e questiona: “E se não fosse a coca, que jogador eu poderia ter sido?”. Maior ainda? Ele tem a plena certeza que sim, eu diria: solo Dios o quizás, las manos de Dios.


Julia Brandão é produtora de cinema

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Dois links musicais ctrl+c/ctrl+v (merecidos)

Another brick in the Wall-E

"Aconteceu de novo. Repetindo o estranho fenômeno que fez algum maluco assistir ao Mágico de Oz ao som do Dark Side of the Moon do Pink Floyd (nunca viu? Não acredito!), a banda inglesa é mais uma vez vítima de uma estranha conspiração subliminar que sincroniza um de seus discos com um filme. Agora é a vez do ótimo Wall-E receber o santo do Pink Floyd e encarnar outra obra-prima do grupo, o dark, ególatra e depressivo The Wall. O maluco da vez não é o cara do vídeo acima (que, apesar da má qualidade, é uma aperitivo do que acontece durante todo o filme), e sim este usuário do YouTube, que, além de colocar o filme já sincronizado com o disco para download (esqueça o trabalho de acertar o começo de ambos!), ainda postou uma longa teoria sobre as coincidências entre as duas obras. Já vi e realmente as coisas batem - do mesmo jeito que a música no fone de ouvido se encaixa com a imagem que você vê na rua (vai dizer que isso nunca aconteceu contigo…). Mas se isso foi feito de propósito ou não… Se a Pixar quis homenagear a conexão entre o filme de 1939 e o disco de 1973 ou se isso é só um imenso… E daí? O que importa é uma frase dita por alguém que morreu antes de eu nascer e que levo como lema: “se as coincidências aparecem, é sinal que você está no rumo certo”".


PS: Eu baixei os arquivos. Parece video-clipe.

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Tocando público.

Esse vem do blog da Discover Magazine, e eu vou tentar traduzir como posso:

Começou como um tweet, mas mereceu ser elevado à categoria de post. Bobby McFerrin (aquele do Don't worry, Be Happy) demonstra no World Science Festival o poder da escala pentatônica e o quanto ela está arraigada na cabeça das pessoas.

Confiram no vídeo abaixo.

World Science Festival 2009: Bobby McFerrin Demonstrates the Power of the Pentatonic Scale from World Science Festival on Vimeo.