sexta-feira, 31 de julho de 2009

Sobre putas e lipos.

por Zezé Brandão


Em seu artigo semanal na Folha de São Paulo, o psicanalista Contardo Caligaris questionou o interesse de parte da imprensa italiana pela vida sexual do premier Silvio Berlusconi. O argumento dele, que detesta o Berlusconi, é que se as putas do homem não interferem na governabilidade do país, ninguém tem nada a ver com o que ele faz, ou não faz, entre quatro paredes.

Está aí embutido um questionamento que provavelmente surgiu junto com o Guttemberg: até onde a imprensa tem o direito de ir em se tratando de investigar a vida de pessoas públicas. E pior: até onde tem o direito de divulgar os fatos que descobre, às vezes por meios escusos, quando esses fatos não dizem respeito, não prejudicam ou nada significam em relação à atividade que tornou a pessoa relevante para uma determinada comunidade – seja uma sociedade, um condomínio, um país ou um clube?

É o caso da lipoaspiração do Ronaldo. Que ele se submeteu ao procedimento, parece ser um fato – vindo à tona sabe-se lá por que rede de indiscrições. Mas o que isso tem a ver com a performance do jogador, com sua capacidade, ou não, de fazer gols? O que a torcida do Corinthians e os leitores do Estadão e a favela da Rocinha e os moradores do Oiapoque (lá tem moradores?) têm a ver com isso?

Explicar a cirurgia da mão, contar os pinos, apresentar o cronograma da recuperação, sim, é obrigação da imprensa: a fratura se deu em campo, a consequência era o afastamento do cara de algumas partidas do Curingão. Portanto, o assunto, relevante para a torcida, para os fãs de Ronaldo, para o clube, merecia, como mereceu, ser detalhado, esmiuçado, publicado com todas as letras.

Mas a lipoaspiração? Francamente! Se ele não chamou a imprensa para uma coletiva, se ele não convocou as colunas de fofocas, se ele preferiu a discrição, que direito temos de questionar uma cirurgia estética hoje tão corriqueira e, pior, transformar um direito, uma escolha pessoal, em motivo de chacota?

Quando a Suzana Vieira, em pessoa, apresenta seu namorado de vinte e poucos anos à imprensa e diz que pretende ter um filho com ele, OK. Embora seja um fato irrelevante para a carreira ou para a performance dela como atriz, a simples decisão de querer que todos nós saibamos que ela namora um garotão é, em si, a notícia. Mas o Fenômeno se submeter a uma lipo em segredo não é notícia. É fofoca, velhacaria e pura e simples invasão de privacidade. Esse tipo de jornalismo antigamente era designado por uma cor: a cor marrom.


Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidade e co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

La mano de Dios

por Julia Brandão

O que se dá no encontro de dois egos? Assistindo a Maradona by Kusturica é possível ter boa parte da resposta. O encontro de Don Diego Maradona, el Dios del fútbol, e Emir Kusturica, que apesar de ser um dos grandes do cinema, ainda está longe de receber o título de Deus, é quase um mais do mesmo, mas emociona.

Imagens do bairro pobre onde Maradona nasceu, algumas entrevistas em que o ídolo fala de seus ídolos, Fidel Castro e Che Guevara, pelos quais “daria a vida”. George W. Bush, a quem chama de assassino, a igreja maradoniana que até casamento celebra e que ao invés do
Pai Nosso reza Maradona Nosso e em 90 minutos Kusturica tenta traçar o perfil de Don Diego.

Não esquece o lado “político” de seu personagem e faz muita graça com o gol de mão mais famoso do mundo, contra a Inglaterra na Copa de 86, que Diego classifica como uma “patifaria” que os pobres fizeram aos poderosos do mundo. Tal como as suas vitórias quando jogava no Nápoles, foram derrotas que o pobre Sul infligiu ao rico Norte, uma coisa quase impossível na Itália.

Kusturica também fala de si e traz muitas imagens de sua filmografia,
Você se lembra de Dolly Bell?, Quando Papai saiu em viagem de negócios e Gato Negro, Gato Branco: “Diego Maradona é um personagem de cinema, podia ser um personagem dos meus filmes. É como aquele homem que é o seu pior inimigo, que causa a sua própria perda, em Gato Preto, Gato Branco”, filme em que também há muita cocaína, aquilo que fez Maradona perder consciência.
E é falando da cocaína que o ídolo lembra o grande que é e questiona: “E se não fosse a coca, que jogador eu poderia ter sido?”. Maior ainda? Ele tem a plena certeza que sim, eu diria: solo Dios o quizás, las manos de Dios.


Julia Brandão é produtora de cinema

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Dois links musicais ctrl+c/ctrl+v (merecidos)

Another brick in the Wall-E

"Aconteceu de novo. Repetindo o estranho fenômeno que fez algum maluco assistir ao Mágico de Oz ao som do Dark Side of the Moon do Pink Floyd (nunca viu? Não acredito!), a banda inglesa é mais uma vez vítima de uma estranha conspiração subliminar que sincroniza um de seus discos com um filme. Agora é a vez do ótimo Wall-E receber o santo do Pink Floyd e encarnar outra obra-prima do grupo, o dark, ególatra e depressivo The Wall. O maluco da vez não é o cara do vídeo acima (que, apesar da má qualidade, é uma aperitivo do que acontece durante todo o filme), e sim este usuário do YouTube, que, além de colocar o filme já sincronizado com o disco para download (esqueça o trabalho de acertar o começo de ambos!), ainda postou uma longa teoria sobre as coincidências entre as duas obras. Já vi e realmente as coisas batem - do mesmo jeito que a música no fone de ouvido se encaixa com a imagem que você vê na rua (vai dizer que isso nunca aconteceu contigo…). Mas se isso foi feito de propósito ou não… Se a Pixar quis homenagear a conexão entre o filme de 1939 e o disco de 1973 ou se isso é só um imenso… E daí? O que importa é uma frase dita por alguém que morreu antes de eu nascer e que levo como lema: “se as coincidências aparecem, é sinal que você está no rumo certo”".


PS: Eu baixei os arquivos. Parece video-clipe.

***

Tocando público.

Esse vem do blog da Discover Magazine, e eu vou tentar traduzir como posso:

Começou como um tweet, mas mereceu ser elevado à categoria de post. Bobby McFerrin (aquele do Don't worry, Be Happy) demonstra no World Science Festival o poder da escala pentatônica e o quanto ela está arraigada na cabeça das pessoas.

Confiram no vídeo abaixo.

World Science Festival 2009: Bobby McFerrin Demonstrates the Power of the Pentatonic Scale from World Science Festival on Vimeo.


sexta-feira, 24 de julho de 2009

Um cinema chamado Capri

por Zezé Brandão

A febre de modernidade que contagiou o Brasil a partir de Juscelino Kubitschek, e que culminou com a inauguração de Brasília, chegou a Araraquara no início dos anos 60 com o projeto de um cinema que ocuparia o prédio do antigo Paratodos.
Em 1963, no lugar do velho – e belíssimo palácio que era o Paratodos – surgiu o Capri, um verdadeiro compêndio do que era moderno em termos de arquitetura e decoração naquela altura do século XX.
Não sei o que é feito do Capri hoje. Sei que está fechado, não faço idéia de em que estado de conservação (ou falta de). Mas o que eu sei é que a cidade um dia teve um Theatro Municipal que veio abaixo em nome de quê mesmo? E o Clube 27 de Outubro e o 22 de Agosto? E sei também que o Capri – se preservado e mantido seu projeto original – é um dos mais belos exemplos do que foram os últimos cinemas concebidos para serem belos no Brasil e no mundo. Porque a década de 60 registrou as últimas casas de exibição projetadas para serem templos da magia dos filmes, esplendorosas em sua modernidade e tecnologia – e isso no mundo inteiro. E no mundo inteiro esses cinemas sumiram na poeira do tempo, engolidos por supermercados, igrejas, bancos e estacionamentos.
No entanto o Capri ainda está de pé. A ninguém ocorre (alô, prefeito!) manter viva essa fatiazinha de história da cidade? Esse monumento ao que um dia se chamou “um programa para toda a família” – que era ir ao cinema? A ninguém ocorre preservar o Cine Capri em sua beleza original, entregando às próximas gerações um espaço que pertenceu a seus pais e avós desde aquele 22 de agosto em que as luzes se apagaram para a exibição de “O Candelabro Italiano”?
Quarenta e seis anos se passaram desde aquela noite, um domingo. Para a História, 46 anos não são grande coisa. Mas se há na cidade alguém que pensa no futuro, e que tenha meios e/ou autoridade para isso, daqui mais 46 ou mais 56 anos a cidade poderia estar mostrando ao mundo como era um lindo cinema de um século atrás, onde se viviam as emoções de um filme, na época em que o Brasil sonhava ser um país moderno e tinha a convicção de que era o país do futuro. Ainda há tempo de alguém acordar e enxergar o Cine Capri não como um galpão adequado a uma igreja evangélica ou um bom terreno para se construir um prédio de apartamentos, mas como uma página de História escrita na forma de drama, comédia, aventura e romance.

Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidade e co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Pra lá de Marrakesh

por: Julia Brandão

Por muito tempo, a única imagem que me vinha à cabeça quando pensava no Marrocos era a do deserto do Saara. E, talvez, de alguns camelos e mulheres de burca. E como me esquecer do Marrocos recriado por Glória Perez, creio que pior do que a Índia tupiniquim que atualmente faz ponte-aérea com Rio de Janeiro.
Mas, confesso, era leiga na cultura do país. Fui viver na Espanha, ou melhor na
Catalunya, em Barcelona. E o Marrocos mora ao lado. Todo espanhol, catalão vai até lá com a mesma normalidade que nós vamos à Argentina. E é impossível não se envolver.

Claro, fui até lá. Em um dado momento, Francesca, uma grande amiga italiana que adorava todo o tipo de coisas alternativas, propôs irmos a um festival de música Gnawa, tradicional do país. Música de escravos vindos de Guiné, de onde também saíram muitos escravos que foram enviados ao Brasil. Talvez por isso em alguns momentos a música Gnawa e o ritmo da capoeira se confundam.

Para chegar ao festival, passaríamos por Marrakesh e ficaríamos alguns dias. A cidade é um escândalo. É linda, é feia, é rica, é pobre, exuberante, decadente, com um sol que o arrebata e com uma noite cheia de mistérios e magia. Vale a viagem do começo ao fim. Mas ali era o início da jornada. O destino mesmo era Essaouira.
Essaouira é a cidade das paisagens do filme
Casablanca, de Michael Curtiz. É onde Orson Welles rodou Othello, em 1952. Onde Jimmy Page e Robert Plant deram um tempo e gravaram com uma banda Gnawa. Jim Morrison e Jimi Hendrix também contribuíram para a fama da cidade de paraíso dos hippies. Em Diabat, uma cidadezinha muito menor que Bueno de Andrada, Hendrix escreveu Castles Made of Sand, justamente quando morava em um castelo de frente para o mar. O castelo ainda está lá, digo, ruínas do castelo.

Para resumir, só estando lá para saber. Por fim, eu estava pra lá de Marrakesh. E é bom demais!


PS: Marrocos concilia perfeitamente três coisas muito importantes para a indústria cinematográfica: paisagens únicas e desconhecidas, segurança e não é caro. Alguns filmes rodados pelo país: O homem que sabia demais, de Alfred Hitchcock, Lawrence da Arábia, de David Lean, Jesus da Nazaré, O Céu que nos Protege, de Bernardo Bertolucci, O Gladiador, de Ridley Scott, A última tentação de Cristo, de Nikos Kazantzakis e Martin Scorsese, Homem Que Queria Ser Rei, de John, Alexandre O Grande, de Oliver Stone, entre muitos outros

Julia Brandão é produtora de cinema

Ground Control to Major Tom

Há quarenta anos, além do homem pisar na lua, David Bowie lançava o EP Space Oddity, a historia de um astronauta - Major Tom - enlouquecido (e não são todos os astronautas enlouquecidos?).

Para celebrar os 40 anos do lançamento desse EP, a EMI promoveu um relançamento do disco, contendo a versão original, a regravação de 1979, a versão mono e, o mais importante, disponibilizou as 8 faixas de áudio da gravação, separadas para quem quisesse remixar a música (mais tarde os devaneios de Bowie sobre o espaço o fariam criar Ziggie Stardust, personagem que ele interpretou durante boa parte dos anos 70, e título de um álbum - não a toa, David Bowie é conhecido como “Camaleão”).

Claro, como não poderia deixar de ser, o EP só está disponível na iTunes store dos EUA, e em lojas virtuais espalhadas pelo globo - da Europa à Austrália -, Brasil, nada.

Tentei COMPRAR o EP (caps no “comprar”) de qualquer forma, pesquisei todas as lojas virtuais do mundo. França, Rússia, Inglaterra, Austrália, País de Gales… Não foi nenhuma surpresa descobrir que além do IP, todas as lojas rastreiam a procedência do cartão de crédito (bons tempos em que a gente ia para fora do país e voltava co a mala cheia de discos. Acabou a alegria. Você não pode mais, em território francês comprar um mp3 numa loja francesa com um cartão brasileiro - é quebra de direito autoral). Após as tentativas frustradas, parti para a ilegalidade (que fique registrado o meu enorme esforço em pagar por um arquivo, e a impossibilidade de fazê-lo). Download concluido, comecei o remix. Será que remix ilegal também tem o seu valor?

juliano@paginatres.com.br

@djbrandao


quarta-feira, 22 de julho de 2009

A propaganda pirou

por Zezé Brandão

Um comercial do Ford Fusion, atualmente no ar, não deixa dúvidas: clientes e agências de propaganda definitivamente piraram. Um homem e uma mulher, aparentemente colegas de trabalho, almoçam juntos. Trocam idéias, riem, etc. De repente ela pergunta: “onde você quer estar daqui a 5 anos?” Ele pensa e subitamente sonha. A imagem mostra que ele quer estar dirigindo um Fusion e com ela ao lado, como sua provável namorada, mulher ou amante. Então é a vez dele fazer a mesma pergunta. Ela reflete por um segundo e já está sonhando com o futuro: mais ou menos a mesma imagem anterior, com ele dirigindo. Só que ela está sentada atrás lendo um jornal: ele é o motorista dela. Segue assinatura: algo como QUEM TEM UM FUSION FEZ POR MERECER.

Não é um primor de falta de senso de noção? A Ford anuncia um automóvel soit disant de luxo, caro, pretensamente objeto de desejo, e coloca como público-alvo o jovem executivo, promissor, tudo certinho – só que o que ele faz por merecer é se transformar em motorista de madame. Em propaganda isso se chama ruído – no caso, um barulhão ensurdecedor. E o comercial, não contente com o ruidaço, ainda tem outro, também bem barulhento: como a pergunta é “onde você quer estar daqui a 5 anos?”, duas pessoas modernas e ambiciosas desejarem estar dirigindo um carro de cinco anos atrás, francamente!
Como eu disse uns dias atrás a propósito de uma maionese, mudam as modas, mudam os penteados, mas uma coisa eu tenho certeza que não muda nunca: a percepção do consumidor quando é colocado diante de uma mensagem cheia de ruídos. Ele pode até não se dar conta, mas, pelo menos inconscientemente registra que um carro que o vê como motorista de perua, ninguém merece.


Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidade e co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Adivinhações

Pois eu lhes digo, leitores e leitoras, pois eu afirmo com a satisfação de uma Mãe Dinah ao acertar uma previsão que quando o assunto é futebol nada faz melhor ao ego, nada massageia mais o ego do que consolidar palpites.

Ontem, à hora do almoço, cravei: 3 a 0 Corinthians, em pleno Mineirão. O Cruzeiro, como de fato esperávamos, não conseguiu esconder a ressaca, sofrida, da última quarta. E o Corinthians voltou a ser o Corinthians do primeiro semestre. Finge-se de morto, marca muito bem, busca a posse de bola em passes curtos e... bola para Ronaldo. Em sua volta a Minas depois de 15 anos, ele não abriu o placar, mas foi como se o fizesse. Lançamento perfeito, preciso, para Jorge Henrique e placar inaugurado. O segundo viria na sequência, em um pênalti polêmico. Pegou na mão de Leonardo Silva? Mesmo com replays intermináveis, comentaristas divergem. Para mim, o árbitro acertou. Quem errou foi Ronaldo. Primeiro, ao desperdiçar a chance de já anotar o tento após o passe de Jorge Henrique, quando tinha o gol diante de si, livre do arqueiro. Depois, ao cobrar a penalidade com extrema displicência.

E naquele que seria gol de empate cruzeirense, em que o juiz anotou falta de Wellington Paulista em Chicão, às vésperas do arremate certeiro? Elmo Alves Resende Cunha acertou ou errou? Novamente os comentaristas não chegaram a uma conclusão. Para mim, não houve infração.
Tanto Cruzeiro como Corinthians desperdiçaram seguidas chances. Até que, após belíssima jogada do bom jogador Jucilei, Ronaldo sacramentou a vitória. Sacramentou? Não. Porque o Corinthians adora um sofrimento. Pênalti inexistente de Chicão em Kléber, convertido pelo próprio, que, para mim, é melhor do que Nilmar, apesar da personalidade explosiva. E, no finalzinho, no apagar dos holofotes, primeiro Chicão, ao salvar em cima da linha, depois Felipe, ao se jogar nos pés de Kléber, garantiram a primeira vitória do Corinthians fora de casa neste Brasileirão.


* * *


Jorginho, como eu havia dito, conseguiu os seis pontos e, assim, sua efetivação. Sólido contra o Flamengo e fazendo o suficiente contra o Santo André, o Palmeiras dormiu líder de sábado para domingo e terminou o final de semana em segundo lugar. A equipe do Parque Antarctica agora vai ao Planalto Central enfrentar o Goiás. Em campeonato de pontos corridos, e muito concorridos, os testes não cessam.

Já o Santos, que perdeu ontem – também acertei! – tenta em Vanderlei Luxemburgo sua redenção. Arrisquei que a máscara do técnico havia caído. E sustento. Tenho certeza de que Luxemburgo já abdicou dos R$ 700 mil mensais. E mais: tenho certeza de que não será capaz de reerguer o Peixe. A defesa é bem ruim. Pesada e lenta. O meio-campo é fraco. Madson é menos do que se espera de um meia e Kléber Pereira, sozinho, não há de resolver. E se algo que Luxemburgo tem feito muito mal nos últimos tempos é contratar. Se o Santos não se cuidar, muito mais do que São Paulo, Cruzeiro, Fluminense ou Botafogo, é forte candidato ao rebaixamento. O primeiro passo desse cuidado, contratar Luxemburgo, foi também o primeiro erro. Está anotado: o Santos, para mim, cai este ano. Podem me cobrar ao término do campeonato.



Rodrigo Brandão é editor-chefe da revista Boemia
rodrigo@revistaboemia.com.br

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Preeenchendo buracos ou coluna sobre o nada

- “Para plenário vazio, Sarney diz que é perseguido pela imprensa e receita silêncio”
- “Mulher de Kaká abrirá igreja na Espanha”
- “CENSURA:
Juiz proíbe que
José Simão fale
de Juliana Paes”

Eu tentei escrever uma coluna para hoje mas sobre certas coisas é melhor que nos calemos.

Não há mais nada a se dizer de José Sarney.
Não consigo imaginar algo de útil ou sobre o José Simão tampouco sobre a Juliana Paes. Que dirá sobre o Juiz.
Confesso que sobre o Kaká, devo admitir um erro de julgamento ao longo de anos: Achei que ele dava dinheiro a Deus aos montes. Me corrijo. Ele é sócio do Senhor. Bom negociante, o menino.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

E segui cantando

Cruzeiro 1 x 2 Estudiantes
Estudiantes campeão da Taça Libertadores da América de 2009


Tantas vezes me mataram
Tantas vezes eu morri
Mas agora estou aqui
Ressuscitando

Falavam em Ramires, recém-promovido a titular da seleção brasileira. Menino peladeiro, veloz e eficiente, malas prontas, fechadas e etiquetadas rumo à Europa. Falavam em Kléber, nosso Carlitos Tevez. Falavam até mesmo em Fábio. O goleiro “voadô” evoluiu, foi decisivo para o empate obtido na Argentina.

Após a final, agora falam no impressionante Juan Sebastián Verón, um dos maiores centrocampistas que eu vi jogar. Em clubes, seu currículo comprova o talento: tem um título argentino (Apertura/2006), com o próprio Estudiantes, dois Scudettos, com Lazio (1999/00) e Inter (2005/06), e uma Premier League, com o Manchester United do imortal Alex Ferguson (2002/2003).
Poderia ter alcançado fortuna melhor na Copa de 98, ao lado de Ruggeri, Ayala, Simeone, Ortega, Batistuta e Claudio López, mas caiu diante da Holanda do craque Dennis Bergkamp, em um dos mais lindos confrontos da história dos Mundiais. Integrou também a bagunçada seleção platina de Bielsa em 2002. Descartado em 2006, é hoje reaproveitado por Diego Maradona. A África do Sul, ano que vem, vai ser sua derradeira oportunidade. Verón tem a elegância do volante Fernando Redondo e a capacidade técnica do meia Juan Román Riquelme. Ontem, valsou no Mineirão.

Falam ainda em Marco Boselli, artilheiro desta edição da Libertadores com oito gols e autor do tento que deu o título ao Estudiantes.

Agradeço ao meu destino
E a essa mão com um punhal
Por que me matou tão mal?
E eu segui cantando

Pois eu lhes digo, leitores e leitoras, com a emoção do cantador argentino León Gieco cantando La Cigarra com Renato Teixeira, que o nome do título é Alejandro Sabella, técnico do Estudiantes.
Em 1976, Sabella pertencia ao River Plate, batido pelo mesmo Cruzeiro ao término de três memoráveis partidas: 4 a 1 para os brasileiros no Mineirão, 2 a 1 para o River no Monumental de Nuñes e, finalmente, 3 a 2 para os mineiros em Santiago, gol de falta de Joãozinho no último minuto.

Mas na hora do naufrágio
Na hora da escuridão
Alguém te resgatará
Para ir cantando

River e Cruzeiro, em 1976, eram tão equilibrados como Estudiantes e Cruzeiro o eram ontem. Mas a vitória do time de La Plata foi inquestionável. Dono de um futebol mais solidário do que vistoso, os argentinos tiveram calma quando ficaram atrás no placar, sorte para empatar em seguida e competência para virar.

A Libertadores 2009, que poderia ficar marcada pela Gripe Suína, acabou concluída com o resgate de Alejandro Sabella, mais de três décadas depois do naufrágio do River no Chile. Quis o destino que Verón, Boselli e companhia estendessem as mãos, e os pés, ao comandante Sabella justamente em um combate contra o Cruzeiro. Caprichos inexplicáveis. A nós, pobres mortais, só nos resta um gesto: seguir cantando.


Rodrigo Brandão é editor-chefe da revista Boemia.
rodrigo@revistaboemia.com.br

Será que nêgo foi mesmo à Lua?

por Zezé Brandão


Quando você vê filmes como “O Dia Depois de Amanhã”, “Eu Sou a Lenda”, “Marte Ataca”, “Guerra nas Estrelas”, “2001” e mais milhares de outros desse mesmo tipo, produzidos pelos americanos às pencas, e há décadas, você tem todo o direito de se perguntar se esses gringos pisaram mesmo na lua em 1969, ou se somos todos vítimas de uma farsa que perdura há quatro décadas.

Pelo mundo afora, grupos, alguns organizados em comunidades na internet, baseados em argumentos ora sólidos, ora frágeis, discutem as possibilidades, para eles bem reais, de termos todos sido enganados pelo que eles chamam de “factóide Apollo 11”.

Da maneira como tremulou a bandeira americana fincada na lua – bandeira tremula no vácuo? – à, garantem, improbabilidade de seres humanos sobreviverem àquele ar (falta de) rarefeito, motivos não faltam aos descrentes (quiçá aos realistas) para suspeitar que tudo não passou de uma demonstração de poderio dos Estados Unidos ante à agressiva conduta da União Soviética em relação à corrida espacial. Pousar homens na lua, que caminhariam sobre aquele solo e hasteriam as “stars and stripes forever”, tremulantes de patriotismo, mostraria aos russos, e ao mundo, que a América não era fraca, não.

E o efeito desejado foi atingido em cheio. Se nossos queixos cairam, imagine os dos russos. Aliás, a União Soviética foi ficando tão jururu depois que perdeu o bonde da lua que 20 anos depois já nem era mais a União Soviética.

Agora, fala sério: com a precariedade da tecnologia televisiva dos anos 60 (por aqui nem era colorida) e a crença mundial de que os Estados Unidos eram capazes de tudo – só agora essa crença desmoronou –, que dava para montar um espetáculo daqueles em estúdio, ah, isso dava.

Pensando bem, tanto faz se os americanos pisaram ou não na lua em 1969. Se foi só uma fraude, convenhamos que o segredo ficou muito bem guardado. Se foi verdade, o que é que nós ganhamos, ou perdemos, com isso? Mas, pensando melhor, o quê mesmo eles foram fazer lá, fora o fato de encher profundamente o saco da União Soviética?


Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidadee co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

Há 40 anos, rumo à Lua

1969, o mundo vivia uma intensa revolução cultural. Durante praticamente uma década, quatro jovens ingleses haviam ensinado a pais horrorizados ao redor do globo como não se devia cortar o cabelo, como se vestir errado e qual era o tipo impróprio de música.
Num tempo de transformações, é quase inevitável que elas aconteçam ao mesmo tempo em áreas diametricamente opostas; 16 de julho de 2009, 10:32 da manhã, há exatos 40 anos, o homem decolava em direção à Lua. Um pequeno passo para um homem, um grande passo para a humanidade.

***

No mundo da Lua ou do direito à distração

40 anos depois, o mundo mudou; em dez minutos recebemos mais informações do que alguém do século 19 tinha acesso em um ano. Notícias em tempo real, twitts, vídeos do YouTube, e-mail, sites que pulam de um para o outro. E a ditadura da concentração ainda reina absoluta.
Estudos mostram que o cérebro do ser humano está mudando mais nos últimos 20 anos do que entre a pré-história e 1990. Enquanto perdemos a capacidade de nos concentrar, adquirimos uma visão periférica mais apurada e a capacidade de trabalhar em mais tarefas ao mesmo tempo. O mesmo estudo mostra que as crianças que nasceram no século 21 utilizam cerca de 30 softwares para brincar ou aprender. Como não se dispersar?

A falta de atenção é o “mal” deste século. Há uma enorme indústria da atenção que gira em torno do problema, milhares de pessoas tomam remédios para a concentração.
Fica a pergunta, entretanto: para que possamos viver nessa realidade em que as informações chegam aos gigas, não é necessário que nos adaptemos à distração? As especializações estão definitivamente tornando-se menos importantes.
Melhor saber um pouco de tudo. Ao mesmo tempo, agora.


Juliano Brandão é produtor musical, DJ profissional, paulistano-bicho-urbano, que caiu de gaiato na redação de uma agência de publicidade araraquarense que publica a revista Boemia. Interneteiro de primeira, quando recrutado para escrever uma coluna semanal para o site, não pensou duas vezes.

juliano@paginatres.com.br

@djbrandao

Quem procura, acha.

Por Julia Brandão

Há pouco mais de um mês, fiz a produção de uma mostra de cinema no CCBB São Paulo e Brasília. Lembrando que quem mora ou visita estas cidades, além do Rio de Janeiro, deve ficar atento à programação. Há muita coisa bacana rolando e os preços são mais que populares. Você se lembra da última vez que pagou R$ 4,00 para ir ao cinema? Eu, sinceramente, não…
Quando recebi o convite para fazer esse trabalho hesitei um pouco, já que era a primeira vez que trabalhava em uma mostra de cinema. Produção já faço há muito tempo, mas esse era um novo desafio. Recém-chegada ao Brasil, era tudo o que eu buscava. E foi intensamente prazeroso.
O tema da mostra, Tribos Urbanas, permitia um infinito número de títulos. Mas seriam 20 e eis a questão: qual o filme que melhor representa cada tribo? Selecionamos 10 delas e teríamos dois filmes para cada uma. Era o início de uma longa procura.

Confesso que um dos meus hobbies é circular por sites e blogs procurando coisas, filmes, música, livros, enfim, procurando. A máxima é verdadeira, quem procura acha, e como acha. Encontro raridades por aí que jamais imaginei que teria em mãos, para ver, escutar, rever, quando eu quiser.
Procurando filmes e mais filmes, no Brasil e pelo mundo afora, em distribuidoras e cinematecas, percebi uma coisa que me deixou preocupada. No Brasil, não se armazenam películas, temos pouquíssimo arquivo de filmes em 35mm. A Cinemateca Brasileira ainda é a melhor fonte, e alguma coisa se encontra na Cinemateca do MAM-RJ. Mas não é fácil.
A saída era contar com as grandes distribuidoras, a maioria delas, nos Estados Unidos e em Londres. Aí, sim, dá para se divertir e pensar em criar mostras e mais mostras de cinema, é um mar de películas. E pensar em ver filmes como Easy Rider, Quadrophenia em 35mm e no cinema é um sonho. Ter os rolos originais em mãos, de 1969 e 79, respectivamente, é muita emoção!

Com a maioria dos filmes selecionados, ainda tínhamos alguns poucos títulos pendentes e o grande problema era encontrar um filme que representasse a tribo Glam, do movimento Glam Rock, David Bowie, New York Dolls e companhia. O filme ícone desse movimento seriaVelvet Goldmine, do diretor Todd Haynes. Um belíssimo filme, por sinal. Mas quem disse que encontramos o filme em 35mm?

Procurando, procurando, perguntando a amigos, jornalistas, cinéfilos nenhum título surgia como um substituto à altura. Mais uma vez recorro aos blogs, banco de dados, como o IMDB, com uma única missão: encontrar “o” filme. Achei!
Encontro o documentário New York Doll, de um jovem diretor, Greg Whiteley, que estava na hora certa e no momento certo. Em Los Angeles, ele passou a frequentar a mesma igreja de Arthur “Killer” Kane, mítico baixista do New York Dolls, a maior banda Glam de todos os tempos. Greg conseguiu registrar o que foram os últimos momentos desse homem, que era muito mais homem do que um rock star.

A histórica volta da banda em um show organizado por Morrissey em Londres, o reencontro com David Johansen, vocalista original da banda, o trabalho na biblioteca de um centro de convivência da igreja, enfim, a vida de Arthur antes, durante e depois de sua passagem peloNew York Dolls. E até o fim, já que 22 dias depois do show em Londres Arthur descobriu uma leucemia e morreu, no dia 13 de Julho de 2004. Há exatos cinco anos. No dia internacional do Rock. Não por acaso.

Muitos filmes eternizaram a memória de muitos ícones, mas falando do rock, para mim, esse documentário e o do diretor Julien Temple, que resgata a incrível história de Joe Strummer, estão entre os grandes. E em pequenas mostras a preços populares encontramos grandes filmes jamais exibidos. E viva o rock e seus lendários ícones.

Julia Brandão é produtora de cinema

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Dá Dá-Gugu

Por Zezé Brandão

A guerra declarada pelo SBT à Record, deflagrada pela contratação de Gugu Liberato pela segunda, tirando-o da primeira, é, desde já, uma guerra sem vencedores além das duas redes, vencidos também serão os espectadores de ambas.
Se não, vejamos. A ida de Gugu para a Record resultou na ida de Roberto Justus e Eliana para o SBT, além do autor de novelas da Record, Tiago Santiago. Ou seja: muito em breve veremos no SBT o que víamos na Record e vice-versa. A Globo deve estar batendo palmas.

Lembram da piada dos dois amigos (de conhecida nacionalidade) que caminhavam tranquilos quando passaram por um montinho de merda? Um disse ao outro: se você comer esse montinho te dou cem reais. O outro respondeu: por cem eu como. E comeu. Mais adiante encontraram outro montinho. O outro disse ao um: agora é a sua vez, se comer esse montinho te dou cenzão. O um não teve dúvida: mandou ver e ganhou os cem reais. Continuaram a caminhada. De repente pararam, se olharam e disseram ao mesmo tempo: e não é que comemos merda de graça?

É mais ou menos isso. Que vantagem leva o público em ver (tem quem veja) o Gugu na

Record ou o Justus no SBT? O que ganhamos em assistir no SBT uma novela parecida,

se não idêntica, à novela que víamos (eu não via, mas tem quem via) na Record?

As duas redes demonstraram nesse episódio da guerra pela mediocridade um poder de fogo bastante poderoso. Ambas têm dinheiro saindo pelo ladrão. Por que, então, não investem em algum projeto original, em talentos ainda não explorados, em idéias, em novos formatos? Audiências suficientemente baixas para enfrentar experiências ainda que venham a fracassar, as duas têm. Dá para entender que a Globo não ouse virar de pernas para o ar sua novela das oito com 42 pontos de audiência ninguém mexeria no time. Mas, francamente, 4 ou 5 pontos da Record ou do SBT poderiam perfeitamente tentar respirar um ar mais fresco. E se não desse certo era só voltar atrás.

Mas não. A mediocridade alimenta a mediocridade, atrai a mediocridade e contrata a mediocridade. SBT e Record aparentemente escolheram a estratégia de manter a mediocridade como projeto de comunicação. Darão bacalhau a seu público e seguirão ambas, abraçadas, em direção à burrice de deixar a Globo nadando de braçada. E o público, ora o público, que veja a Globo. Afinal, ela faz profissionalmente a mesma coisa que as outras duas tentam fazer amadoristicamente e ainda por cima se engalfinhando para ver qual das duas é a mais amadora.


Zezé Brandão é publicitário, sócio da Limonada Publicidade e co-autor do livro A Vida Não é Um Limão, A Vida é Uma Limonada.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Festa no chiqueiro!

O final de semana, leia-se 10ª rodada do Brasileirão, foi do Palmeiras. Além de golear o Náutico no sábado e ver sua torcida gritando, ensandecida, o nome do interino Jorginho, que começa a se consolidar no cargo, assistiu aos vexames de seus rivais no dia seguinte. O Corinthians foi atropelado pelo Grêmio no Olímpico. O São Paulo não passou de um empate, no Morumbi, diante do Flamengo – o gol da igualdade, anotado por Jorge Wagner, veio de um pênalti inexistente em Miranda. E o Santos, pobre Santos!, levou seis do Vitória. Com a derrota do Inter-RS na Arena da Baixada, apenas dois pontos separam o Verdão do líder Galo Mineiro, que espancou os reservas do Cruzeiro.

Jorginho, a meu ver, tem dois importantes, e emblemáticos, testes pela frente. O Palmeiras vai ao Rio enfrentar o Flamengo de Adriano na quarta-feira. Um duelo complicadíssimo, e direto: uma vitória dos rubro-negros e eles ficam a um mísero ponto do time do Parque Antarctica. Depois, no sábado, recebe o Santo André. Vencer o Flamengo no Maracanã é demonstração de força. Vencer a equipe do ABC em casa é livrar-se daquele espectro que há tempos ronda a Turiassu: o de perder pontos decisivos em seus domínios, principalmente contra pequenos.
Digam ao povo que fico. Pois eu afirmo, leitores e leitoras, com a convicção de um príncipe, que Jorginho fica se o Palmeiras somar seis pontos. Vejam só como é o futebol. Meia dúzia de pontos e a efetivação do boleiro, eis os ingredientes para tornar real o sonho do título.

Enquanto isso, na Sala da Justiça, eu me pergunto: para onde vai Luxemburgo? O Santos, que não mais confia em Vagner Mancini, poderia ser candidato. Mas já experimentou o veneno dos R$ 700 mil mensais e sabe a gangrena que o volume provoca. O Corinthians vai bem de técnico, obrigado. Será que o São Paulo há de cuspir no prato em que comeu? Não acredito. A ordem pelas bandas do Morumbi é contenção de gastos. O Flamengo é louquinho para fazer besteira, mas Cuca parece estar firme no cargo. Conseguiu o título carioca, apresenta resultados razoáveis no Brasileirão e seu custo é bem mais digerível.

A máscara de Luxemburgo começa a cair. Nos últimos anos, ele se promoveu como o rei dos pontos corridos. Seu currículo é interessante, todos sabemos. Levou o Bragantino de Mauro Silva ao título paulista. Tirou o Palmeiras de Roberto Carlos, César Sampaio, Edílson, Zinho, Edmundo e Evair da fila dos 17 anos (1976-1993). Arrebatou cinco campeonatos brasileiros. No último deles, em 2004, com o Santos de Elano, Ricardinho e Robinho, Luxemburgo, logo após a vitória do Peixe, em São José do Rio Preto, contra o Vasco, afirmou na coletiva que era uma estrela. Assim mesmo, sem cerimônia: “Gente, eu sou uma estrela”.

Pensando pelo lado cósmico, acho agora que ele tinha razão. Dizem os astrônomos que inúmeras das estrelas que vemos hoje já estão mortas. Mas estão tão distantes que a luz ainda nos chega. E se Luxemburgo estivesse acabado para o futebol e o que nos restasse dele fossem somente imagens de títulos longínquos? Não descarto a hipótese. Essa estrela tem um custo alto, muito alto, para quem não emplacou com a Seleção, como o fizeram Parreira e Felipão, ou para quem nunca venceu uma Libertadores, como o fizeram o próprio Felipão, Paulo Autuori e Abel Braga.

Risca o céu uma estrela decadente.


Rodrigo Brandão é editor-chefe da revista Boemia.
rodrigo@revistaboemia.com.br

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Microblog - Por Juliano Brandão

Um gerundismo diferenciado

Sai o “vamos estar enviando”, entra o “diferenciado”. E eu me pergunto: qual é a diferença entre o diferente e o diferenciado? O diferenciado tenta enganar, agrega valor ao diferente. Só consegue piorar quando precedido da palavra conceito.

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Spotify - Um jeito diferenciado de ouvir música

Faz um tempo, eu descobri um serviço muito bacana na internet: o Spotify. Lançado na Europa, o serviço permite que você ouça músicas de praticamente qualquer música de qualquer artista, sem nenhuma restrição, a 160kbps. Tem alguns breaks comerciais (nunca DURANTE as músicas) e alguns banners no software. Mas, tirando isso, é uma enorme biblioteca musical lícita que remunera os artistas e as gravadoras, enquanto permite que você ouça qualquer coisa a qualquer momento sem ocupar espaço no HD. Previsão para chegar aqui? Nenhuma.

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Por falar em música

Fiz uma pesquisa rápida outro dia e em dez minutos descobri que pelo menos 90% daquilo que eu ouço não está disponível no Brasil em CD nacional. Não tenho um gosto musical comum, mas, esses 90% existem na Amazon ou na iTunes Store para baixar em mp3 (EUA e Europa), ou no acima citado Spotify. A iTunes Store completa 8 anos de existência e mudou o nosso jeito de ouvir e pensar música. Baixar um mp3 não é pela pirataria. É pelo imediatismo. Eu quero ouvir AGORA aquela música que me veio à cabeça. E a iTunes Store ou a Amazon proporcionam isso por 99 cents. O Spotify não entrega a música, mas a torna disponível. Na hora. Com esse sistema funcionando em dezenas de países há anos, com o último álbum do Radiohead - In Raibows, aquele do “pague quanto quiser” - sendo o álbum da banda que mais rendeu, quanto tempo mais a indústria da música precisa para entender que esse sistema funciona e que, principalmente aqui no Brasil, nem todos queremos ouvir o Rei Roberto, ou o último Katinguelê, em CD, álbum todo, ir na loja, comprar? Enquanto isso, eu baixo aquilo que eu não encontro pra vender, e que continue a demonização do consumidor/pirata.

Juliano Brandão é produtor musical, DJ profissional, paulistano-bicho-urbano, que caiu de gaiato na redação de uma agência de publicidade araraquarense que publica a revista Boemia. Interneteiro de primeira, quando recrutado para escrever uma coluna semanal para o site, não pensou duas vezes.

juliano@paginatres.com.br

@djbrandao

Em estado de… mudança!

É isso mesmo. Estamos sempre mudando. Todos os dias, em todos os momentos, em nosso “diálogo interno” nos propomos a mudar. A intenção é quase sempre a mesma: sermos melhores.

Acredito que queiramos ser mais leves e a contradição está em nos cobrarmos sempre pelo que não fazemos. Pela casa que não cuidamos como deveríamos, pelas crianças que não levamos para passear, pelos pais que não fomos visitar, pelos livros que ainda não lemos, pelo prato predileto que deixamos de preparar para quem amamos, pelo amigo a quem não demos aquele telefonema no dia do seu aniversário... E isso tudo sempre tem um porquê: nos falta TEMPO.

Mas que tempo é esse? Esse é o tempo que dispensamos em busca da tal felicidade? Não... Esse é o tempo que nos empenhamos em ser melhores no trabalho, em ganhar dinheiro, em ficar bonito, em fazer o dito network.
Até que ponto vale a pena ser o melhor no trabalho, se não há com quem dividir essa vitória? Ganhar dinheiro e não ter consigo aquilo que se é dado de graça quando se tem um amigo de verdade, ou ainda, ficar bonito, se a nossa verdadeira beleza está escondida por detrás do nosso orgulho e da nossa vaidade fútil?

Me peguei pensando em tudo isso e tive como exemplo, acreditem ou não, Michael Jackson.
Ele foi o “Rei do Pop”, o que mostra que atingiu o ápice de sua carreira profissional; tinha montanhas de dólares, o que fez dele um megalomaníaco; e, finalmente, diante de seus medos e fantasmas do passado, quis ficar bonito. Bonito para quem? Enxergo suas loucuras plásticas de uma forma muito triste:
Michael se transformou por fora no que ele já era por dentro.

Isso me dá paura, me dá angústia! Não quero isso para mim, para a minha vida.
Prefiro ter amigos de verdade, um companheiro de verdade, filhos de verdade, uma casa de verdade e muito, muito amor de verdade.
De que vale a vida, o dinheiro, a carreira, a beleza, se por dentro morrermos vazios e podres com a sensação de que nada valeu a pena?

Marina Chiolino é diretora comercial da Revista Boemia. Tem um humor cheio de altos e baixos e está tentando deixar de adorar uma encrenca

marina@paginatres.com.br

DO SENADOR PEDRO SIMON:


"Sou obrigado a reconhecer que, com toda a corrupção que teve de um tempo para cá, o que encontramos no governo Collor deveríamos ter enviado para o juizado de pequenas causas".

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Google irá lançar sistema operacional

O Google anunciou hoje em seu blog oficial que irá lançar um sistema operacional baseado no seu navegador Chrome. Previamente batizado simplesmente de Google Chrome OS (Operating System), a novidade é uma “tentativa da empresa de repensar como sistemas operacionais deveriam ser”. O novo sistema será open source, e seu código será disponibilizado até o final do ano. Inicialmente o Chrome OS será utilizado para netbooks, com lançamento previsto para o segundo semestre de 2010.

O sistema seguirá a proposta do navegador de mesmo nome: “um sistema rápido e leve, com interface mínima, e com a maioria dos aplicativos rodando a partir da web”. Com esse lançamento, o Google demonstra que não irá simplesmente adaptar o sistema operacional Android, desenvolvido para celulares, aos computadores, mas sim começar tudo do zero com o novo sistema. “Nós temos muito trabalho a fazer, e definitivamente iremos precisar da ajuda da comunidade open source”, finaliza o post no blog da empresa.
(Fonte: www.adrenaline.com.br)

O sol na nossa cara é o mesmo sol da nossa casa

Por Otaviana Costa


Há quem diga, hoje, que o sol é um grande inimigo. Mulheres chefiam os defensores da ideia. E são as maiores consumidoras de cremes bloqueadores solares, seguidas bem de perto pelos homens mais informados sobre a situação de nossa camada de ozônio. A cada dia, o sol é mais humano e menos divino!
Por hora, ao menos, não é sobre o desgaste cósmico que venho a tratar. Devo recordar um fato ocorrido em 2001, que perdurou até 2002: a crise do APAGÃO. Lembram-se? O governo ensinou à sociedade, na prática, o que era racionalização: racionalizar água, racionalizar energia elétrica e até energia mental, mesmo porque, com o governo, não adiantava muito discutir. Enfim, foram dias e dias de privações de conforto; mas, para alguns, foi o momento de despertar.

Se estávamos todos passando pelo mesmo período ruim, então é muito provável que, se não houvesse mudança, teríamos, ou teremos, mais racionalizações, menos liberdade e mais caos.
Dos que despertaram do sono profundo, surgiu a vontade de aproveitar as noções que já vinham sendo estudadas há bastante tempo por outros pesquisadores não sonolentos, mas preocupados com as próximas gerações. Surgiram, assim, algumas ações: pôr em prática as células fotovoltaicas para extrair a energia desse sol exacerbado que todos tanto temiam e evitavam. Agora, engenheiros haviam dado uma finalidade ao sol, e não era a de fazer marquinha de biquíni com mais perfeição, nos bumbuns mais badalados, mas sim de transformar o calor recebido pelo sol, por meio de sua luz, fazendo-o passar pelas células fotovoltaicas e tornar, no final, energia elétrica. Ufa! Casas praticamente ganharam adornos em seus telhados, com as reluzentes placas produzidas a partir de silício, que podiam garantir um banho quente por mais dez ou quinze minutos, além de proporcionar algum status, pois o silício é um material de alto custo. Como, para avalizar o bom funcionamento de aparelhos elétricos e eletrônicos, fazem-se necessária não uminha, mas algumas placas, a mordomia não era, e ainda não é, acessível a todos os bolsos.

Na arquitetura, porém, o sol vem fazendo crescer bons frutos, gerando parcerias com instituições de pesquisas e desenvolvimentos na área. A cada ano é notável o aprimoramento nos setores de acabamento, de revestimento cerâmico e até de iluminação, para fornecer aos seus novos consumidores produtos de baixo consumo, como a tecnologia de sensores, que reduz ainda mais o uso de luz artificial, priorizando a luz natural.
E a preparação para quem vê vem muito antes do projeto, vem antes ainda da planta e dos cortes. Começa na sala de aula: nos primeiros anos de faculdade, em que os docentes têm de preparar o aluno, insistindo na visão de criatividade renovável, mostrando ao “futuro arquiteto do futuro” que, talvez, ele terá de voltar à taipa, caso queira preservar seu planeta.
Soluções diferenciadas, pesquisas embasadas no passado, estudos sobre fenômenos atuais. Os alunos de hoje aprendem, por meio do monitoramento solar, formas inusitadas de aproveitamento do sol.

É fato que o Brasil vem se aprimorando, e se destacando, nesse conceito de construção sustentável; aqui faz sol quase o ano todo. Prova desse aprimoramento é a disputa que o país travará, representado por arquitetos graduados, em junho de 2010, nos Estados Unidos, cujo desafio consiste em edificar e habitar uma casa operante apenas com energia fotovoltaica, térmica e solar. Pela primeira vez, o Brasil participa de tão importante competição de arquitetura, urbanismo e construção fora de seu território. Segundo José Kós, coordenador do projeto de arquitetura da equipe nacional, os integrantes da delegação, provenientes de estados brasileiros distintos, deverão construir a casa em Madri, uma semana antes da disputa. Só aí o júri avaliará os quesitos fundamentais, como o tão comentado aproveitamento solar, a eficiência energética e o conforto com sustentabilidade, além de design e funções arquitetônicas.
É claro que desejo boa sorte a eles. Sou brasileira. Mas, antes da minha nação, sou cidadã do mundo. E quero e acredito em um mundo sustentável. Um mundo sustentável é muito mais razoável do que um mundo fadado aos racionamentos e cremes bloqueadores solares. Para tanto, é essencial que raciocinemos a respeito de nosso respeito próprio.


Otaviana Costa é estudante de arquitetura